Nióbio: riqueza desprezada pelo Brasil

Esta semana ainda, visitava o Blog do Clausewitz, ele reportava sobre um discurso do Deputado Dr. Enéas, proferido em 2004. como ele mesmo diz apesar de ser longo, merece ser ambientado aos dias atuais....

Só para resumir, porque a integra do artigo pode-se conferir também lá no Blog , mas uma observação no comentário também me chamou atenção - Entre 97 e 98% do nióbio do mundo sai do Brasil...como se explica que não tenhamos o monopólio da venda de nióbio do mundo..se só nós temos? Só o nióbio, permitir-nos-ia ter uma moeda própria lastreada nele" (Enéas F. Carneiro).

Veja este trecho do discurso do ex-Deputado Federal Enéas Carneiro, em 15 de junho de 2004, proferido no Plenário da Câmara dos Deputados

(...)Há que mudar, para um pólo diametralmente oposto, a orientação que ora se imprime à política nacional. Há que se privilegiar tudo aquilo que é nosso.

Um Governo sério, preocupado com a Nação brasileira, corrigirá o verdadeiro descalabro em que se constituiu a nossa política mineral.

A tonelada do nosso minério de ferro, que, em 1965, era vendida a 48 dólares em valor atualizado, hoje, em 2004, é vendida por 16 dólares... Naquela época, o preço da tonelada de ferro pagava a estada de uma noite em um hotel razoável em Nova York. Hoje é difícil achar uma espelunca onde se possa dormir uma noite por 16 dólares...

O quartzo, que, em 1996, era vendido a 76 centavos de dólar o quilograma, o que já era um preço desprezível, hoje é vendido a 20 centavos de dólar o quilograma. E o quartzo é fundamental para a indústria de computadores! E que dizer do nióbio, do manganês, do titânio etc., etc., etc., etc., todos vendidos a preço de banana?

Até quando, senhores, assistiremos a um processo em que a Nação brasileira vem sendo dessangrada, em que o nosso povo perde, a cada momento, cada vez mais, a sua auto-estima e a sua confiança no porvir?

É preciso ter coragem para sentar à mesa de negociações, não como uma criança, não como subalterno, mas falando como nação adulta, responsável, e não de joelhos, exigindo o preço justo pelos nossos minérios.

Se não quiserem pagar o preço justo, não receberão nem um miligrama de nióbio.

E os países ditos ricos terão de parar de fabricar seus aviões supersônicos, porque o nióbio é imprescindível para a fabricação desse tipo de aeronave, e só o Brasil tem nióbio, na verdade mais de 95% do nióbio do planeta. Paralelamente a isso, é preciso reaparelhar, reequipar nossas Forças Armadas, aumentando seu contingente para, no mínimo, 1 milhão de homens, o que será fundamental para a defesa da Amazônia e de todo o território pátrio, hoje contendo verdadeiros enclaves, territórios situados dentro da Nação, mas onde é proibida a entrada de brasileiros, até mesmo de um Governador de Estado, como ocorreu recentemente em Rondônia, situação crítica, diante da qual um Governo Federal inerte não toma nenhuma providência, alienando-se dos interesses da Pátria.

No que concerne à soberania nacional, já é tempo, também, de o Brasil possuir uma frota de aviões de guerra em condições de proteger o território nacional. A esse respeito, é válido aqui apresentar para os senhores telespectadores uma questão que vem sendo objeto de discussão não só no Poder Executivo, como dentro do Congresso Nacional. Trata-se da aquisição de aviões de combate. Dentro do que me foi dado observar, a melhor proposta apresentada é aquela do Governo russo, da venda de aviões Sukhoi-35.

Se olharmos, e o fizermos com absoluta frieza, para a proposta que o Governo russo fez ao Brasil para aquisição de aeronaves bélicas - os aviões Sukhoi-35 -, seremos obrigados a reconhecer que esses aviões são poderosas máquinas de guerra, cujas características operacionais superam, de muito, aquelas presentes no modelo concorrente. O caça Sukhoi-35 é considerado pelos entendidos como o melhor do mundo.

O Governo russo propôs as melhores condições de preço, apresentou o melhor avião e não impôs nenhuma restrição ao tipo de armamento a ser fornecido ao Brasil, apresentando até a possibilidade da fabricação de mísseis no Brasil. Que seja do meu conhecimento, nenhum outro concorrente se dispôs a isso.

Ao argumento de que deveríamos privilegiar o consórcio de que participa a EMBRAER, caberia uma réplica: ela já não é mais uma empresa estatal brasileira. A Dassault, francesa, é uma das donas da EMBRAER, e o avião que oferecem perde, de longe, para o Sukhoi-35. Além disso, os russos oferecem transferência de tecnologia, comprometem-se a importar, em 7 anos, produtos genuinamente brasileiros no valor total de 3 bilhões de dólares. Enfim, vejo como bastante saudável a aquisição pelo Brasil das aeronaves russas. Cria-se um vínculo mais firme com aquele país irmão, que já provou para o mundo inteiro a sua força científica e tecnológica, em diversas oportunidades, entre elas no lançamento e manutenção da estação espacial MIR, que ficou no espaço cósmico mais de 15 anos.

E os países que quiseram adquirir condições de respeito no cenário internacional, libertando-se da dependência tecnológica americana, como a China, a Índia e o Paquistão, deram a si mesmos um impulso com a tecnologia russa.

Em um mundo de tensões, como é o caso atual do nosso planeta, um país de dimensões continentais como o Brasil precisa estar preparado para a eventualidade de, a qualquer momento, não apenas ser submetido à rapinagem financeira, mas sofrer, sem aviso prévio, a ameaça de perda de parte de seu território. Esse é o conceito de dissuasão estratégica, fundamental em geopolítica, segundo o qual temos de estar prontos para a defesa de nossa Pátria, independentemente da gritaria tola e infantil dos que dizem que nem mais as Forças Armadas são necessárias, porque vivemos em um mundo de paz.

Países ricos gostariam de tê-lo extraído do seu solo enquanto o Brasil dispensa pouca importância a esse mineral com tão vastas qualidades e de incontáveis aplicações.

O nióbio, símbolo químico Nb, é muito empregado na produção de ligas de aço destinadas ao fabrico de tubos para condução de líquidos. Como curiosidade, o nome nióbio deriva da deusa grega Níobe que era filha de Tântalo que foi responsável pelo nome de outro elemento químico, tântalo.

O nióbio é dotado de elasticidade e flexibilidade que permitem ser moldável. Estas características oferecem inúmeras aplicações em alguns tipos de aços inoxidáveis e ligas de metais não ferrosos destinados a fabricação de tubulações para o transporte de água e petróleo a longas distâncias por ser um poderoso agente anti-corrosivo, resistente aos ácidos mais agressivos, como os naftênicos.

Inúmeras são as aplicações do nióbio, indo desde as envolvidas com artigos de beleza, como as destinadas à produção de jóias, até o emprego em indústrias nucleares. Na indústria aeronáutica, é empregado na produção de motores de aviões a jato, e equipamentos de foguetes, devido a sua alta resistência a combustão. São tantas as potencialidades do nióbio que a baixas temperaturas se converte em supercondutor.

O elemento nióbio recebeu inicialmente o nome de "colúmbio", dado por seu descobridor Charles Hatchett, em 1801. Não é encontrado livre no ambiente, mas, como niobita (columbita). O Brasil com reserva de mais de 97%, em Catalão e Araxá, é o maior produtor mundial de nióbio e o consumo mundial é de aproximadamente 37.000 toneladas anuais do minério totalmente brasileiro.
 

Fonte: (*)Tenente-Coronel Médico do Exército Brasileiro. Especialista e Perito em Medicina de Tráfego (ABRAMET). Autor do livro "Sucesso na vida é para qualquer um. Inclusive para você!". Ex-diretor do Hospital de Guarnição de Tabatinga, Tabatinga/AM.

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