Pesquisa mostra mudança na pirâmide social brasileira
RIO - Os números de duas pesquisas diferentes mostraram resultados igualmente animadores. Entre dados e gráficos diversos, os analistas chegaram a uma conclusão que milhões de brasileiros tiveram por experiência própria.
O número de pobres caiu no país, assim como elevou-se a quantidade de ricos. Mais: a classe média já representa a metade dos trabalhadores do país. Em uma expressão, as duas pesquisas demonstraram a mobilidade social brasileira nas seis principais regiões metropolitanas.
O aumento do número de postos de trabalho e a ampliação de programas sociais foram os fatores determinantes para a diminuição da desigualdade social.
Os dados foram baseados em registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o nível de empregos formais, renda por conta própria, desigualdade social e da pobreza.
No estudo A nova classe média, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) registra aumento dessa faixa entre a população economicamente ativa.
A pesquisa apresentada pelo economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, Marcelo Neri, aponta que o número de famílias nesta categoria subiu de 42,26% para 51,89% entre 2004 e 2008.
- Posso dizer que esta é a redução da desigualdade mais expressiva da história. O interessante é que este crescimento apresenta marcas de continuidade, o que gera sustentabilidade no longo prazo - explica Neri.
Nos números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre a redução da pobreza, o Brasil passa pelo melhor momento econômico da história.
Pela metodologia adotada, os pobres passaram de 27,1% da população das seis principais regiões metropolitanas em 2006 para 25,2% no ano passado - eram 35% em 2003. Isso representa uma redução de quase um terço no percentual de pobres. O levantamento, com base nos dados do IBGE, considera como pobre famílias com renda mensal de até meio salário mínimo (R$ 207,50).
Quem é rico?
Mas houve controvérsias causadas pelas diferentes metodologias. A começar pelo que se chama de rico. Para o Ipea, estão nessa categoria indivíduos pertencentes a famílias com renda mensal igual ou superior a 40 salários mínimos (R$ 16,6 mil).
Sob essa metodologia, o número de afortunados cresceu de 0,8% para 1%, diz o Ipea. Já a FGV define a classe média como famílias que possuem renda entre R$ 1.064 e R$ 4.591. As classes A e B ganham acima deste valor e somam hoje 15,52% da população brasileira. Segundo a FGV, também de 2004 a 2008, a classe D passou de 46,13% da população para 32,59%.
A redução da pobreza entre 2002 e 2008 em seis regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador) caiu em 13,5 pontos percentuais, concluiu a FGV. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) usados por Marcelo Néri, mostram que só nos seis primeiros meses do ano foram gerados 1,361 milhão de novos postos de trabalho no Brasil.
O Ipea registrou uma redução pela metade da população indigente. Caiu de 13,7% para 6,6%. Está na categoria famílias cuja renda per capita mensal não ultrapassa um quarto do salário mínimo, R$ 103,75.
O Ipea espera um resultado ainda mais otimista até o fim do ano. A perspectiva é que a miséria ceda em média 43,8%, o total de 2,4 milhões de pessoas (de 5,57 milhões para 3,12 milhões de habitantes).
- O crescimento econômico vem acompanhado de mais empregos - resume Márcio Pochmann, presidente do Ipea.
Fonte:Sabrina Lorenzi, Jornal do Brasil