O Escândalo da Petrobrás – Operação Lava Jato
RIO - A Operação Lava-Jato foi deflagrada em 17 de março pela Polícia Federal (PF) para investigar um suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Na época, foram presas 24 pessoas, entre elas o doleiro Alberto Youssef. Os detidos foram acusados de participar de uma organização criminosa que tinha o objetivo de lavar R$ 10 bilhões oriundos de desvio de dinheiro público, tráfico de drogas e contrabando de pedras preciosas.
A operação foi consequência da prisão do empresário André Santos, em dezembro de 2013, com US$ 289 mil e R$ 13.950 escondido nas meias. Santos é réu em ação na qual é acusado de fazer parte do braço financeiro de uma quadrilha de libaneses especializada em contrabandear produtos do Paraguai, operando um esquema de lavagem.
A operação colocou sob suspeita contratos assinados pela Petrobras. Isso porque o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa foi preso, no dia 20 de março, sob acusação de envolvimento com o doleiro Youssef. Costa, que foi detido quando queimava documentos que poderiam se configurar como provas do envolvimento, reconheceu ter recebido de Youssef um carro de luxo. Ele alegou, no entanto, que o presente seria o pagamento por uma consultoria prestada.
Empreiteiras suspeitas de abastecer o esquema de Youssef e do ex-diretor da Petrobras declararam à Receita Federal os pagamentos feitos a empresas dos dois principais acusados na Operação Lava-Jato. Documentos comprovaram repasses efetivos de recursos às empresas do doleiro e do ex-diretor, como consta nas declarações de retenção de impostos das próprias empreiteiras. Entre as depositantes estão as construtoras OAS, Mendes Júnior e Camargo Corrêa, apontadas pela contadora do doleiro Meire Bonfim Poza como integrantes do esquema.
O escândalo do doleiro Youssef respingou ainda sobre o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP) e levou André Vargas a se desfiliar do partido para manter o mandato de deputado federal. Vargas é suspeito de fazer parte de um esquema de tráfico de influência e lobby em favor de Youssef junto ao Ministério da Saúde. Vargas usou um jato providenciado pelo doleiro para fazer uma viagem familiar e teria se beneficiado de uma série de outros favores.
O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia contra 36 pessoas, sendo 22 ligadas a seis grandes empreiteiras que possuem contratos com a Petrobras. A procuradoria pede ainda a devolução de quase R$ 1 bilhão por parte dos denunciados, com base no cálculo de que tenham movimentado R$ 286 milhões em esquema de corrupção.
Em nove meses de investigações, o MPF denunciou executivos ligados às construtoras OAS, Camargo Corrêa, UTC, Mendes Júnior, Engevix e Galvão Engenharia, além do ex-diretor de abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e um policial federal. Eles são acusados de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Costa e Youssef foram enquadrados em todos eles.
Segundo o procurador Deltan Dallagnol, os denunciados tinham ligação com a diretoria de abastecimento da Petrobras, que era chefiada por Costa. O esquema consistia em um pré-acordo entre as empresas para vencer licitações, que a partir do fechamento do contrato, desviavam dinheiro público de obras da estatal. Dallagnol explicou que de 1% a 5% sobre o valor dos contratos eram repassados a diretores da petroleira e a agentes políticos.
"Essas pessoas roubaram o orgulho dos brasileiros", disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que abriu a entrevista coletiva em Curitiba. Foram contemplados na denúncia 154 atos de corrupção e 105 de lavagem de dinheiro. Segundo o MPF, novas denúncias serão apresentadas nos próximos dias.
As denúncias foram protocoladas na sede da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba. O juiz Sergio Moro, responsável pelo caso, é quem deve decidir ainda esta semana se aceita e abre processo e transforma os suspeitos em réus.
Veja a lista de denunciados:
Alberto Yousseff
Paulo Roberto Costa
Waldomiro de Oliveira
Carlos Alberto Pereira da Costa
João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado
Enivaldo Quadrado
Sérgio Cunha Mendes
Rogério Cunha de Oliveira
Ângelo Alves Mendes
Alberto Elísio Vilaça Gomes
José Humberto Cruvinel Resende
Antonio Carlos Fioravante Brasil Pieruccini
Mário Lúcio de Oliveira
Ricardo Ribeiro Pessoa
João de Teive e Argollo
Sandra Raphael Guimarães
João Ricardo Auler
Eduardo Hermelino Leite
Marcio Andrade Bonilho
Ricardo Ribeiro Pessoa
Jayme Alves de Oliveira Filho
Adarico Negromonte Filho
José Aldemário Pinheiro Filho
Agenor Franklin Magalhães Medeiros
Mateus Coutinho de Sá Oliveira
José Ricardo Nogueira Breghitolli
Fernando Augusto Stremel Andrade
João Alberto Lazzari
Gerson de Mello Almada
Carlos Eduardo Strauch Albero
Newton Prado Junior
Luiz Roberto Pereira
Erton Medeiros Fonseca
Jean Alberto Luscher Castro
Dario de Queiroz Galvão Filho
Eduardo de Queiroz Galvão
Dalton Santos Avancini
Fonte: O Globo