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Category: Contos

Vodka

Vodka

Ivan Seialovich estava terminando a sua segunda garrafa de Kusnetsoskaya e não dava impressão que iria parar. _Ivan! Como um engenheiro sério com você pôde esconder todas essas garrafas aqui? _Não me pergunte Capitão! Mas se eu fosse o senhor, eu não acenderia um cigarro aqui dentro… as paredes podem explodir! _Muito engraçado… Droga! Essa porcaria de Câmara de Vácuo tinha que perder a vedação? Agora temos que esperar o teflon aderir primeiro antes de prosseguirmos com as experiências –…

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Zelina

Zelina

Helena Langrouva nasceu em Sintra. É licenciada em Letras Clássicas (Lisboa, 1974), em Letras Modernas-Cinema (Montpellier), fez pós-graduação na Universidade de Paris (D.E.A.- Paris III, 1978). Começou a publicar na revista O Tempo e o Modo (Lisboa, 1968), tendo publicado ensaios na revista Brotéria, (Lisboa, de 1982 a 2003). Publicou traduções de poemas de Jean Joubert na revista Critério (Lisboa,1977), e traduziu O Homem de Areia, romance de Jean Joubert, Lisboa, 1991, Difel. No canto azulado do escritório, fingindo ler…

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A lápide

A lápide

Você vem arrastando os pés na relva, sem muita vontade, sem muita coragem. Mas precisa desse ritual – seu coração o exige – muito mais do que você é capaz de admitir. Posso vê-lo de meu escaninho no arvoredo. Disfarçada estou nas silhuetas de negros ciprestes. Você se ajoelha diante do túmulo mil vezes renegado. A brisa lhe alvoroça os cabelos claros como os meus dedos teriam feito. – Olá, meu amor. Ah, sim, diga essas palavras que eu esperei…

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Desejos da Alcova

Desejos da Alcova

Doutor, há tempos és meu terapeuta e sabes que não há na cidade quem levante suspeita sobre minha fidelidade, honestidade e retidão de caráter. Há doze anos sou casado com Amélia e por ela tenho vivido deste então. A consulta de hoje é para que eu lhe conte o que vivi nestes doze anos e, principalmente, nos últimos meses e dias. Não posso me furtar o direito de confessar que a monotonia do enlace me vinha perturbando. Amélia sempre foi…

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Epitáfio

Epitáfio

A tarde é vermelha, pinta os campos e o lago de dourado e aquece o seu rosto que eu encontro a espreitar o meu. Tenho um espelho nas mãos. Encaro-me nele, investigo as rugas que já se insinuam. Mas não você; tudo o que vê em mim é jovem e fresco. Detrás de mim, sussurra-me ao ouvido: – Você é tão bela. Belo é ter seus braços sobre meus ombros, agasalho humano, e seus dedos nos meus cabelos, o melhor…

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Ninguém Manda Nos Sentimentos

Ninguém Manda Nos Sentimentos

(Continuação de Na Longa Caminhada Da Vida – Visão do outro lada da história. Vitória, namorada de Edson) “Querido diário, talvez eu tenha sido dura demais. Ter feito o que fiz com o Gabriel foi um erro. Ninguém manda nos sentimentos e, se eu mandasse nos meus, preferiria não sentir o que estou sentindo.” 00h. Minha cabeça não parava de girar, como se eu fosse a maior culpada de toda essa história, a história em que, na realidade, fui a…

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O beijo dela

O beijo dela

O beijo dela. Fui pego de surpresa. Primeiro o nome. Começava num rosnado e terminava em melodia. Rrr, vibrava, sotaque italiano. Depois, duas eles bem molhadas. Rafaella. E essa coisa interessante que aconteceu primeiro nos meus ouvidos foi parar dentro das minhas calças. Ela viu o volume. Eu falei uma besteira. Levei um tapa no rosto, daqueles de arder na alma, e então o beijo. O beijo dela. Em um momento eu era um Apolo que ofuscava o brilho dos…

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O jogo da meia-noite

O jogo da meia-noite

Meia-noite. O jogo acontecia quando eles voltavam sóbrios, ansiosos por serem só dois amantes sob um dossel, sem multidão. Diante da penteadeira ela limpava o rouge, o rímel, a pinta artificial na bochecha esquerda que cobria a pinta real cor de canela. Ele, na cama, esperava sob os lençóis. Vinha limpa e indecente, meias de liga, espartilho negro, nem parecia uma veste escravocrata do corpo – era a desenvoltura de gata no cio que o desmentia. Tinha na mão a…

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O mar

O mar

O mar refletia o azul do céu. As águas se moviam formando ondas que vinham chocar-se com os corais. O som era relaxante apesar de se misturar com a conversa das pessoas. Júlio estava deitado na praia. Os olhos fechados. Sua mente era um branco total. Júlio queria ser feliz. Mas esse não era um pensamento, era uma aspiração. A felicidade verdadeira andava por aí, mas ele não encontrava porque buscava algo que não era ela. Depois que uma onda…

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O moço do saxofone

O moço do saxofone

Eu era chofer de caminhão e ganhava uma nota alta com um cara que fazia contrabando. Até hoje não entendo direito por que fui parar na pensão da tal madame, uma polaca que quando moça fazia a vida e depois que ficou velha inventou de abrir aquele frege-mosca. Foi o que me contou o James, um tipo que engolia giletes e que foi o meu companheiro de mesa nos dias em que trancei por lá. Tinha os pensionistas e tinha…

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