Depois de disputar as vagas com todos os candidatos, ela passou no curso de Farmácia da Unesp e, pelo Enem, para a graduação em Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Caroline acabou optando não iniciar os cursos, por causa de uma decisão familiar de que não seria o melhor para ela estudar fora de São Paulo. Hoje, cursa engenharia de produção em uma instituição particular da capital paulista.
Segundo contou a VEJA, a razão por não ter utilizado as cotas foi de consciência. “Eu estudei em escola particular a vida inteira. Posso morar na periferia, mas eu nunca tive necessidade. Se participasse do sistema de cotas, roubaria a vaga de quem precisa mais do que eu”, afirmou.
A estudante deixa claro que é favorável à política de cotas, tanto raciais quanto sociais, e que a sua opção foi absolutamente pessoal. Para Caroline, o ideal seria que todos que tiveram o privilégio de receber uma boa educação e se preparar para o vestibular não se candidatassem para as vagas reservadas, mas que não se trata uma regra geral. “Eu tenho amigas que terminaram o Ensino Médio e não puderam fazer um cursinho, tiveram que ir direto trabalhar. Comigo não foi assim”, argumenta.
Discriminação
Questionada se a sua recusa significa que o critério econômico mereça atenção especial em relação ao racial, ela concorda, mas observa que a prioridade deveria ser as pessoas que sofrem o preconceito racial ao mesmo tempo em que enfrentam privações econômicas. “Só de você ser pobre, sendo branco ou negro, já é tão difícil. Sendo negro então, nossa, muito mais”.
Apesar da sua escolha de não se inscrever dentro do sistema de cotas, Caroline Barbosa dá exemplos de como ter uma condição socioeconômica acima da maioria não a impede de sofrer com o racismo: “Eu tinha um cabelo enorme alisado e cortei. Só dessa mudança, muita coisa já ficou diferente para mim. De ir em uma loja e as pessoas me olharem estranho até perder uma vaga de emprego”.
Fonte: MSN