O fóssil de um fruto “incrivelmente incomum”, que existiu há 52 milhões de anos. Assim o cientista Peter Wilf descreveu a descoberta, feita na Patagônia argentina, do que parece ser um ancestral das batatas, dos pimentões e dos tomates.
A origem do achado é desconhecida: até agora só haviam sido encontradas algumas sementes.
Os cientistas, no entanto, acreditam que o fruto é mais antigo do que se pensava até agora.
O exemplar é do gênero botânico Physalis, pertencente à família botânica das Solanaceae, e foi encontrado em uma floresta fossilizada na Patagônia.
No Brasil, há 32 gêneros e 350 espécies de Solanaceae. A família é importante para a alimentação humana e inclui a berinjela, o pepino, a batata, o tomate, a pimenta, o tabaco e flores como a petúnia, entre outros.
Incomuns e delicados
Além de chefiar a equipe que descobriu o fóssil do fruto, Peter Wilf é professor de Geociências na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
“É o único fóssil de fruta encontrado que pertence a este grupo de plantas, agora com mais de duas mil espécies”, explicou à BBC.
“Muito da história evolutiva, especialmente das plantas, é em grande parte desconhecida porque é raro encontrá-las como fósseis”, afirmou.
“Agora temos a descoberta destes fósseis incrivelmente raros e delicados. É incomum que algo assim tenha sido fossilizado.”
Pistas da evolução
A fruta descoberta na Argentina é um parente muito próximo dos tomates mexicanos e das fisális.
A casca envolve um fruto pequeno, carnoso, de sementes múltiplas e comestíveis.
Acreditava-se que os tomates mexicanos e a fisális haviam evoluído mais recentemente, coincidindo com o período do surgimento da Cordilheira dos Andes.
Cinquenta milhões de anos atrás, a América do Sul estava mais próxima da Antártida e da Austrália do que está hoje, e a temperatura do planeta também era muito mais alta.
Os cientistas acreditam que vão descobrir mais fósseis de plantas na região.
“As descobertas na Patagônia provavelmente vão revolucionar algumas visões tradicionais sobre a origem e a evolução do reino vegetal”, disse Rubén Cuneo, pesquisador do Museu Palentológico Egidio Ferulgio, em Chubut, na Patagônia argentina.
Fonte: BBC Brasil