A categoria das drogas inalantes abrange diversas substâncias, sendo três as principais: (1) toluene; (2) éter; e (3) clorofórmio.
Toluene. É o ingrediente ativo da cola de sapateiro, cola de aeromodelismo, fluido de isqueiro, tinta, gasolina, desodorante, spray para cabelo, limpador de móveis e vidro, esmalte de unhas, etc. A inalação dos vapores liberados por esse produtos provoca efeitos similares aos do álcool, assim como alucinações em casos de doses exageradas.
Éter. Conhecido cientificamente como éter dietil, foi descoberto no século 13, e é produzido através da desidratação do álcool etílico pelo ácido sulfúrico. Por volta de 1700, os universitários europeus passaram a consumir éter recreativamente, em substituição às bebidas alcoólicas. Na Inglaterra, o uso de éter como inebriante foi muito popular até o final do século 19, quando a droga passou a ser proibida. Apesar de fora da lei, o éter continuou popular entre os ingleses até seu uso começar a declinar, por volta de 1920, quando o álcool tornou-se mais barato e mais fácil de se comprar do que o éter.
Já nos Estados Unidos, o uso recreativo do éter teve um breve surto de
popularidade entre os anos de 1920 e 1933, quando o álcool esteve proibido pela
Lei Seca. Na época, as bebidas não-alcoólicas eram misturadas com éter para
provocar intoxicação. Mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial, a substância
foi muito consumida na Alemanha para compensar a falta de bebidas alcoólicas.
No Brasil, o éter foi o ingrediente básico do lança-perfume, um produto
carnavalesco que podia ser inalado para gerar euforia e desinibição. Apesar de
proibido em 1961 pelo então presidente Jânio Quadros, o lança-perfume continuou
bastante difundido no país, sendo contrabandeado principalmente da Argentina,
onde é fabricado legalmente.
Clorofórmio. Foi descoberto simultaneamente na Alemanha, na
França e nos Estados Unidos, em 1831. A substância é um líquido pesado e
incolor, que desprende vapores quando mantido em temperatura ambiente.
Inicialmente o líquido e seus vapores foram considerados como substitutos
seguros para o álcool, já que pequenas quantidades de clorofórmio causam euforia
e desinibição sem produzir ressacas. A substância foi aplicada como anestésico
em partos e cirurgias a partir de 1847, provando-se capaz de agir oito vezes
mais rápida e poderosamente que o éter.
Toluene. Euforia, inquietação, confusão, desorientação, excitação e perda de coordenação motora.
Inalações repetidas podem causar vertigens, vacilação, alterações na percepção
de cores, distorção do sentido de tempo e espaço e sensação de onipotência ou de
grande poder. A overdose é caracterizada por náuseas, vômitos, fadiga, fraqueza
muscular, dores estomacais, tremores, sentimentos de medo, solidão e culpa,
paralisia dos nervos cranianos e periféricos, delírio, perda de consciência e
até coma.
A ação do toluene é devida à sua capacidade de deprimir o sistema nervoso
central. Relatórios médicos divulgados na década de 60 afirmam que a droga causa
danos permanentes no cérebro, podendo inclusive matar o usuário, além de corroer
as membranas nasais, destruir o tutano dos ossos e danificar os rins. O toluene
ainda pode induzir impulsos violentos, lesões no fígado e nos órgãos
respiratórios, e cegueira.
O toluene pode gerar tolerância se for usado com frequência semanal durante
um período de cerca de três meses, a partir dos quais o usuário precisará de
doses sempre maiores para obter o mesmo efeito. Não se sabe se o toluene causa
depêndencia física, mas acredita-se que os usuários que inalam a substância com
muita frequência estão sujeitos à dependência psicológica. Seus efeitos
negativos podem ser revertidos com a suspensão do consumo da droga.
Éter. A utilização medicinal do éter remonta a 1846, quando a droga passou a ser inalada como anestesiante. Doses moderadas de éter deprimem o sistema nervoso central, produzindo efeitos inebriantes. O consumo de éter pode provocar gastrite e até mesmo morte em casos de overdose.
Clorofórmio. Pode ser letal se ingerido oralmente em grande quantidade. Com o passar do tempo, constatou-se que uma overdose da droga poderia causar morte súbita por depressão circulatória, o que fez com que o clorofórmio fosse paulatinamente abandonado pelos médicos em favor de outras drogas anestésicas.