O homem sempre combateu a dor e a doença servindo-se de substâncias oferecidas pela natureza, fossem de caráter vegetal, mineral ou animal. Todos os povos e culturas souberam utilizar as ervas e plantas com fins terapêuticos. Modernamente, a farmacologia criou uma variada gama de medicamentos sintéticos, às vezes empregados com pouca prudência por pessoas desavisadas do risco potencial que seu consumo inadequado implica.
Medicamentos são todas as substâncias que apresentam propriedades curativas
ou preventivas das doenças. Como produzem efeitos benéficos, mas também
prejudiciais, sua administração terapêutica envolve a avaliação de riscos e
vantagens para o organismo. Os medicamentos aprovados para uso humano são
classificados em éticos, que só podem ser vendidos com receita médica, e
não-éticos ou populares, comprados livremente.
Medicamentos que atuam sobre o sistema nervoso.
São sete as principais drogas que afetam o sistema nervoso: (1) anestésicos; (2) analgésicos; (3) tranqüilizantes; (4) hipnóticos; (5) estimulantes; (6) alucinógenos; (7) anticolinérgicos.
Anestésicos. Usados
para provocar no organismo uma incapacidade temporária de sentir dor, os
anestésicos são indicados para suprimir a resposta a estímulos sensoriais
durante processos de intervenção cirúrgica. Todos os anestésicos se assemelham
em sua ação depressiva do sistema nervoso central, mas diferem amplamente quanto
a propriedades físicas e químicas. Em função dos efeitos provocados, podem ser
divididos em anestésicos gerais, que causam a perda de consciência do paciente,
e locais ou regionais, empregados para anestesiar a região do corpo onde se
praticará uma determinada intervenção.
Alguns anestésicos podem ser administrados por inalação, como o óxido nitroso, o
éter, o halotano, o metoxiflurano e o cloreto de etila, enquanto outros são
ministrados por via intravenosa, como os barbitúricos de ação não prolongada.
Analgésicos. Para aplacar a dor sem
bloquear a condução dos impulsos nervosos nem alterar de forma significativa o
funcionamento dos órgãos sensoriais, indicam-se analgésicos, classificados em
opióides -- que atuam sobre o cérebro, produzem sonolência e podem causar
dependência e antiinflamatórios que aliviam a dor pela redução da inflamação
local. Os opióides, também denominados narcóticos, são em sua maioria derivados
do ópio. Entre eles, incluem-se a codeína, a heroína, a morfina e seus derivados
e substâncias obtidas a partir da metadona e da meperidina.
Indicam-se os medicamentos antiinflamatórios, que não são narcóticos, para o
alívio imediato de dores de cabeça, entorses, contusões e artrites. O
anti-inflamatório mais comum é a aspirina, ou ácido acetilsalicílico, do grupo
dos salicilatos, como os derivados da anilina e da pirazolona.
Tranqüilizantes. Para aliviar os sintomas
de ansiedade, tensão e agitação associados a diferentes estados mentais,
empregam-se os tranqüilizantes. Sua adoção na década de 1950 revolucionou o
tratamento das doenças mentais e de diferentes estados patológicos do sistema
nervoso. Cabe citar entre os de uso mais generalizado o meprobamato e as
benzodiazepinas, grupo farmacológico de que fazem parte o clordiazepóxido e o
diazepam.
Hipnóticos. Similares aos tranqüilizantes,
as drogas hipnóticas pertencem a um grande grupo de medicamentos que deprimem o
sistema nervoso central e servem para reduzir a tensão ou induzir o sono, de
acordo com a dose utilizada. A ação desses medicamentos varia também em função
de sua rota de degradação metabólica, sua distribuição no organismo e sua taxa
de eliminação. Entre eles estão diversos derivados do ácido barbitúrico e os
tranqüilizantes menores (meprobamato e as benzodiazepinas, que se incluem nesse
grupo e no dos tranqüilizantes).
Estimulantes. Os medicamentos estimulantes
são definidos mais especificamente como ativadores do sistema nervoso central.
Os mais conhecidos são as anfetaminas e também o grupo das metilxantinas, entre
elas a cafeína e a teobromina, do cacau.
Alucinógenos. Como os hipnóticos, os
alucinógenos são medicamentos psicotrópicos, ou psicofármacos, isto é,
substâncias que atuam sobre processos psicológicos tais como a percepção, a
memória e outros e que reproduzem reações esquizofrênicas em indivíduos sãos. As
alterações na percepção podem oscilar de simples ilusões sensoriais até
alucinações. Entre os alucinógenos mais conhecidos estão a mescalina, o LSD
(dietilamida do ácido lisérgico), a psilocibina e a maconha.
Anticolinérgico. Diz-se das substâncias antagonistas da ação de fibras nervosas parassimpáticas que liberam Acetilcolina, ou seja, que inibem a produção da Acetilcolina. Têm utilidade terapêutica no tratamento da Síndrome de Parkinson e como antiespasmódico.
Absorvido em quantidades maiores do que a dose terapêutica, o produto provoca alterações mentais como alucinações e delírios, com duração de 48 horas.
Consumido junto com outras drogas, como inalantes e maconha, o efeito pode
durar mais tempo ainda, iniciando pela sensação de "barato" na cabeça, ou no
corpo todo, seguida de alterações na percepção de cores e sons, terminando com
sensações de estranheza, medo, confusão mental, idéias de perseguição,
dificuldades de memória - síndrome que adota a forma de um surto psicótico
agudo.
O potencial de dependência parece elevado, com alta toxicidade, evoluindo
para alterações crônicas.
As drogas anticolinérgicas são capazes de produzir muitos efeitos
periféricos. Assim, as pupilas ficam muito dilatadas, a boca seca e o coração
dispara. Os intestinos ficam paralisados - tanto que são usados MEDICAMENTOS
como antidiarréicos - e a bexiga fica "preguiçosa" ou há retenção de urina. Os
Anticolinérgicos podem produzir, em doses altas, grande elevação da temperatura
- que chega, às vezes, até a 40-41 graus. Nestes casos, não muito comuns, a
pessoa apresenta-se com a pele muito seca e quente com vermelhidão
principalmente no rosto e pescoço. Esta temperatura elevada pode provocar
convulsões (ataques). São, por isto, bastante perigosas.
Existem pessoas também que descrevem ter "engolido a língua" e quase se
sufocarem por causa disto. Ainda, em casos de dosagem elevada, o número de
batimentos do coração sobe exageradamente, podendo chegar acima de 150
batimentos por minutos.
Estas drogas não desenvolvem tolerância no organismo e não há descrição de
síndrome de abstinência após a parada de um uso contínuo.