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História

 

"E assim surgiu das possibilidades naturais latentes, mais um núcleo de cidade futura, daquele gênero que Jean Brunhes chamara de “cidade de vontade”, porque nunca surgiriam sem que alguém as sonhasse e pusesse a seguir toda sua vontade criadora no trabalho de transformar em realidade o seu sonho".
Águas de São Pedro, 27 de fevereiro de 1.941 - Embaixador Josué de Castro
(de uma página do “Álbum de Ouro” do Dr. Octavio Moura Andrade).

 

O município de Águas de São Pedro, localizado na Região Central do Estado, constitui o menor município do Brasil com 3,7 km² de área, projetado para ser uma estância voltada exclusivamente à saúde e ao lazer.

 

Águas de São Pedro não é fruto do acaso, mas do encontro das águas minerais com Octavio Moura Andrade que se dispôs a criar uma nova cidade para que este elemento de cura fosse colocado à disposição dos homens. Portanto, tudo o que aqui existe é conseqüência de minucioso planejamento e de sua decisão de realizar.

 

Acaso apenas no descobrimento de suas águas minerais por volta de 1.920, quando o Governo do Estado de São Paulo procedeu a pesquisas de petróleo no município de São Pedro. Como não logrou seu intento de achar jazidas do “ouro negro”, acabou por abandonar os poços que ficaram jorrando sem que ninguém se ocupasse de seu aproveitamento. A iniciativa privada simbolizada por Ângelo Balloni, também tentou achar petróleo aqui, mas apesar de sua sonda atingir a excepcional profundidade de 1.615 metros, nada foi encontrado. Dessa época, permanece a estrutura da torre como monumento consagrado à tenacidade desse pioneiro.

 

Em 1.934, Ângelo Franzim, em cujas terras se localizava a perfuração que produzia a água hoje conhecida como “Fonte da Juventude”, fez construir um balneário de tábuas, para se banhar naquelas águas “malcheirosas” que os animais procuravam beber. E em 1.935, um grupo de esforçados sãopedrenses (Miguel Carreta, Victório Mazziero, Ernesto Giocondo, Carlos Mauro - fundador do Hotel Avenida e outros) comprou 100.000 m² ao redor dessa fonte e construiu um balneário de alvenaria com 12 banheiras. Foi também nesse ano que Octavio Moura Andrade resolveu implantar a Estância, a que provisoriamente denominou “Caldas de São Pedro”. Para tanto, juntamente com seu irmão e sócio, Antonio Joaquim de Moura Andrade, criam a empresa “Águas Sulfídricas e Termais de São Pedro S.A.”, que passam a dirigir.

 

A primeira providência foi analisar as águas minerais pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, da USP. Essas análises, iniciadas em 1.936, tiveram seus resultados finais publicadas no Boletim 26 de Outubro de 1.940 daquele Instituto, após quatro anos de repetidas experiências (são as mais completas e abrangentes até hoje realizadas no Brasil).

 

Mas para pôr esses elementos de cura oferecidos pela Natureza à disposição dos homens não bastava conhecer seus componentes químicos ou fazer alguns quartos de banho. Necessário é a perfeita indicação terapêutica de modo a assegurar além de seu correto uso também e principalmente para quais moléstias as águas teriam eficácia, evitando assim o descrédito pelo uso indevido ou mal orientado. Para tanto, contratou a inestimável colaboração do Prof. Dr. João de Aguiar Pupo, então Diretor da Faculdade de Medicina de São Paulo (USP), que estabeleceu com segurança as doenças a serem tratadas por cada uma das três fontes de águas minerais aqui disponíveis e seus métodos de tratamento.

 

Comprovado pelos resultados das primeiras análises a qualidade das águas, iniciou a compra das terras necessárias para a implantação da nova Estância, já com sua denominação definitiva, ÁGUAS DE SÃO PEDRO. Assim, 1.600 hectares foram adquiridos para se ter liberdade de construir uma nova cidade nas proximidades do local da fonte hoje conhecida por “Juventude” e distante 8 kms da já existente São Pedro.

 

O projeto de urbanização foi por Octavio Moura Andrade confiado ao reputado Eng. Jorge de Macedo Vieira, que criou o melhor exemplo de uma “cidade-jardim” do Brasil, com amplos parques, muita área verde, ruas largas e suaves, sem grandes aclives, criando enfim um moderno projeto perfeitamente adequado à realidade topográfica do local escolhido para a implantação da nova Estância.

 

Complementarmente também contratado o celebrado “Escritório Técnico Saturnino de Brito”, da então Capital Federal, que planeja toda a infra-estrutura sanitária, compreendendo o saneamento de grotas, lagoas e brejos de águas paradas – focos de mosquitos transmissores de doenças como a malária, dengue e outras – a rede de esgoto, a implantação do canal central, e o modelar serviço de abastecimento de água potável desde sua represa de captação e armazenamento, estação elevatória, linhas de adução, estação de tratamento, reservatório e linhas de distribuição e que ainda hoje, continua a atender à Estância.

 

Esse planejamento destacou a maioria das quadras como residenciais, poucas como comerciais e uma única área industrial – onde se localizava o engarrafamento das águas Gioconda e Almeida Salles, e a industrialização de refrigerantes produzidos com essas águas: a Laranjada de São Pedro, o Guaraná São Pedro, a Brasicola, a Água Tônica e a Soda Limonada, hoje prédio do “Shopping Center” – além das áreas destinadas a parques e florestas, que correspondem a mais de 60% da área loteada. Como na época ainda não existia legislação prevendo obras, o Dr. Octavio Moura Andrade instituiu através de servidões que gravam os lotes, as características das edificações a serem feitas na nova Estância, tais como recuos e outras posturas, que serviram de base para a legislação criada a posteriori.

 

O município de Águas de São Pedro foi criado em 1.948, por proposta do então deputado estadual, depois Senador e Embaixador Auro Soares de Moura Andrade, filho de Antonio Joaquim de Moura Andrade.

 

Portanto, Águas de São Pedro nasceu já com suas características definidas e salubridade garantida por um projeto que assegurou a seus futuros moradores a melhor qualidade de vida disponível pela tecnologia da época e que continua atual.

 

Para que se tenha idéia da grandiosidade de seu planejamento, somente o parque florestal ao redor do Grande Hotel, hoje denominado “Parque Dr. Octavio Moura Andrade”, com quase um milhão de metros quadrados, foi inteiramente reflorestado com o plantio de milhares de árvores de essências, como pau-brasil, ipês, palmeiras, sibipirunas, flamboyants, acássias, tipuanas, etc., além de eucaliptos. Aliás, para criar um micro-clima mais saudável, uma vez que a região era formada por antigas fazendas de café abandonadas em conseqüência da crise de 1.929 e do depauperamento do solo coberto na época apenas por capim “barba de bode”, foram plantados em parte do parque e em outras áreas da projetada estância 1.200.000 pés de eucaliptos que com suas emanações propiciavam um ar mais puro aos hóspedes.
 

Fatos que marcaram a história

 

- Autonomia Político-Administrativa: Lei nº 233, de 24/12/1948 (Criação do Município)
- Emancipação Político-Administrativa: 02/04/1949 (Instalação da Prefeitura e 1ª Câmara)
- Instalação do 1º Distrito de Paz em 01/01/1949
- Estância Turística em: 11/11/1977, pela Lei nº 1.457
- Estância Hidromineral em: 08/05/1986, pela Lei nº 5.091
- Área de Proteção Ambiental (APA) em sua totalidade, Lei nº 738 de 12/10/1989.

 

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