O suicídio é um problema de saúde pública e considerado tabu ainda nos dias de hoje. Em razão dessa falta de diálogo, o número de vítimas aumentou consideravelmente nos últimos anos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda maior causa de morte de pessoas com idades entre 15 e 19 anos no mundo. No Brasil, ainda de acordo com dados oficiais, são 32 brasileiros mortos por dia, número assustador que supera as de vítimas de AIDS e da maioria dos tipos de câncer.
Fazer com que o assunto seja discutido sem discriminação tanto na mídia quanto em nosso cotidiano, se torna importante uma vez que a cada 10 casos de suicídio, nove podem ser prevenidos, caso a pessoa tenha a atenção dos outros a seu redor e busque ajuda. Por isso, em 2015 foi criado o Setembro Amarelo, visando a conscientização e prevenção ao suicídio através de ampla divulgação de informações e incentivando o diálogo aberto.
“Quanto mais falarmos sobre o assunto, mais pessoas serão alcançadas e receberão a ajuda necessária”, afirma apsicóloga Edyclaudia Gomes de Sousa, Membro da Sociedade Brasileira de Psicologia.
Mas como saber se alguém está em uma situação que beira o suicídio?“O comportamento suicida normalmente surge como consequência de uma doença psicológica não tratada, como é o caso da depressão severa, síndrome do estresse pós-traumático ou esquizofrenia”, explica Edyclaudia.
Abaixo, a psicóloga lista alguns dos sinais de alertaao suicídio, que podem ajudar a salvar a vida de uma pessoa.
1. Isolamento e tristeza excessiva
Quando a pessoa está frequentemente triste e perde a vontade de participar de atividades com os amigos ou familiares, são indícios de que está sofrendo de depressão, que quando não tratada é uma das principais causas do suicídio.
“É muito difícil que a pessoa consiga identificar que está com depressão, por isso seu único pensamento é de que não está sendo capaz de lidar com seus sentimentos, com as pessoas ou com o trabalho. Isso, com o tempo, acaba deixando o indivíduo desanimado e sem vontade de viver”, diz a psicóloga.
2. Mudanças no comportamento ou no visual
A pessoa com ideias suicidas pode se comportar de maneira diferente do habitual e até se aventurar em atividades de risco, como uso de drogas, relações sexuais sem proteção com diversos parceiros ou dirigir em alta velocidade.
Além dessas mudanças, soma-se também a falta de asseio pessoal, uma vez que já não há mais interesse pela vida, é comum que o indivíduo não se cuide mais e passe a usar roupas velhas (surradas, sujas), deixe de cortar o cabelo e unhas.
3. Resolver assuntos pendentes
É comum que a pessoa queira fechar ‘pontas soltas’ e acabe fazendo viagens inesperadas aos familiares ou amigos que há muito tempo não se viam, que pague pequenas dívidas ou até mesmo faça doações de seus pertences pessoais.
“Em muitos casos, também é possível que a pessoa passe muito tempo escrevendo, podendo ser um testamento ou uma carta de suicídio”, explica a psicóloga.
4. Melhora súbita
“Demonstrar um comportamento calmo e despreocupado após um longo período de tristeza ou depressão pode indicar que a pessoa aceitou a decisão de encerrar sua própria vida e está aliviada por ter encontrado uma saída”, explica Edyclaudia Gomes de Sousa, reiterando: como essa melhora pode ser confundida com uma recuperação do quadro depressivo, torna-se difícil de identificar e é necessária uma avaliação feita por um psicólogo para garantir que não existam pensamentos suicidas.
5. Fazer ameaças de suicídio
É comum que o potencial suicida informe a um amigo ou familiar das suas intenções. Embora esse comportamento seja interpretado como uma forma de chamar atenção éimportante reconhecer esses avisos verbais e nunca ignorá-los. “Fique atento a algumas das frases mais frequentes: ‘a vida não vale a pena’, ‘você vai sentir minha falta quando eu for’, ‘ninguém vai sentir a minha falta se eu morrer’ e ‘queria não ter nascido’”, informa a especialista.
Como ajudar um potencial suicida?
Ao lidar com uma pessoa que está tendo pensamentos suicidas, é de suma importância demonstrar amor e empatia, não julgar e tentar entender os sentimentos daquela pessoa e o que pode estar acontecendo com ela. “A comunicação é primordial, não se deve ter receio ou vergonha de perguntar se alguém está triste, deprimido ou até mesmo se pensa em tirar a própria vida”, elucida a profissional.
Na maioria dos casos as tentativas de suicídio são impulsivas, logo, recomenda-se retirar dos locais onde a pessoa mais frequenta todo e qualquer material que possa ser utilizado para se suicidar, como armas, cordas, comprimidos, facas, etc. “Em torno de 25% dos suicídios acontecem por meio de enforcamento, então durante o tratamento é importante esconder itens como cintos, gravatas, lençóis”, exemplifica Edyclaudia.
Também é imprescindível buscar ajuda profissional, como um psicólogo ou psiquiatra, pois quem sofre com tendências suicidas deve iniciar um tratamento urgente e, caso necessário, tomar medicações específicas. “Quem estiver convivendo com a pessoa em tratamento, deve ajuda-la a não ter uma recaída, garantindo que ela esteja frequentando sessões de terapia e tomando os remédios de acordo com a prescrição dada”, finaliza.
Fonte:JB