História de Ilhéus

Depois que o Brasil foi descoberto, Portugal se descuidou da sua ocupação, porque o comércio com as Índias era muito mais lucrativo e de retorno mais rápido. Não houve, por parte dos portugueses interesse imediato nas terras do Novo Mundo.


Quando os franceses firmaram comércio do pau-brasil com os indígenas, a coroa portuguesa se viu obrigada a tomar providências imediatas a fim de preservar o que já considerava patrimônio lusitano. Depois da expedição de Martim Afonso de Souza, o governo verificou a impossibilidade de arcar sozinho com a responsabilidade de povoar o litoral brasileiro e resolveu seguir os conselhos de Diogo de Gouveia para dividir o Brasil em quinze lotes, as Capitânias Hereditárias, sistema que já dera certo em determinadas ilhas do Atlântico.


Apesar de algumas capitânias não terem dado certo, o sistema pode ser considerado um sucesso, pois o objetivo da coroa portuguesa era povoar o Brasil e livrá-los dos ataques de outros povos e isto foi conseguido. Portugal é um país muito pequeno para conseguir povoar uma área tão grande como a do nosso país.


A carta de doação da Capitânia de Ilhéus a Jorge de Figueiredo Correa, foi assinada em Évora a 26 de junho de 1534. Ele possuía cinquenta léguas de costa contadas a partir da Ilha de Itaparica, que também foi capitânia.


O donatário, Jorge de Figueiredo Correa possuía muito prestígio na corte e não se dispôs a abandonar seu cargo para aventurar-se no novo país. Enviou no seu lugar um castelhano autoritário, homem de guerra, chamado Francisco Romero.


Não houve dificuldade para Jorge de Figueiredo conseguir dinheiro para organizar a armada e Francisco Romero partiu do Tejo em 1535. Foram primeiro para a ilha de Tinharé onde está localizado o Morro de São Paulo, e foi a primeira ocupação da capitânia. Mas os topógrafos da armada descobriram um local que acharam melhor e abandonaram a vila já formada, estabelecendo-se no novo local.


Deram à sede da Capitânia o nome de Vila de São Jorge em homenagem ao donatário. Sua localização era no cume do atual outeiro de São Sebastião. Seu desenvolvimento foi rápido e, a vila já possuía, em 1556, a Igreja Matriz e relativa produção de cana-de-açúcar.


Jorge de Figueiredo se esforçava para desenvolver sua capitânia, tanto assim com este intuito, começou a doar sesmarias a destacadas figuras do reino. Em 1537 doou a sesmaria do Engenho de Santana a Mem de Sá, que seria mais tarde o terceiro governador geral do Brasil, onde foi construído um engenho de açúcar. Até hoje restam vestígios, às margens do Rio Santana, na localidade do Rio do Engenho. Doou também e Mem de Sá uma sesmaria onde está localizada hoje a cidade de Camamu.


Ilhéus tinha tudo para se desenvolver, porque não tinha problemas de dinheiro, nem de colonos, e nem mesmo com os índios, que chegaram até a auxiliar os colonos nos serviços das roças e tornaram-se importantes elementos da defesa da Colônia. O donatário incentivava o comércio de abastados senhores da corte com a Capitânia.


O progresso da Vila era enorme e isto atraía toda espécie de aventureiro. Eles queriam encontrar o caminho que levasse ao sertão para a busca de ouro e prata.


No ínicio da colonização do Brasil, a vila de São Jorge chegou a ser mais próspera e rica, a ponto de Tomé de Souza assim escrever para D. João III: "é a melhor coisa desta costa para fazendas e que mais rende agora para si Alteza". No governo de Tomé de Souza, Ilhéus era o maior centro econômico do Brasil.


As coisas mudaram quando Francisco Romero entrou em luta contra os colonos. A Capitânia precisa de um administrador e não de um homem de luta.


Com a morte de Jorge de Figueiredo em 1551 a Capitânia passou para seu filho mais novo, que conseguiu licença para vendê-la, e a partir dai ela foi mudando de dono com o passar do tempo, tendo tido muitos donatários, o que dificultou a retomada do seu desenvolvimento.


No ano de 1563 explodiu na vila um surto de varíola que matou uma quantidade enorme de pessoas. Nesse mesmo ano teve início a construção da Santa Casa de Misericórdia de Ilhéus, com sua igreja, que foi demolida em 1690.


Com a nomeação do Marquês de Pombal como primeiro ministro da Corte, ele acabou com as Capitânias Hereditárias e em 9 de junho de 1754 Ilhéus passou a pertencer à Coroa Portuguesa. A Capitânia que pertencia a D. Antonio José de Castro, foi trocada por um título de conde. Naquela época para os portugueses valia mais um título de nobreza que cinquenta léguas de costa por toda extensão sertão a dentro.


Em 1777 o governador geral criou um correio terrestre. Os estafetas saíam de Salvador, passando por Cairú, Santarém, Camamu, Barcelos, Maraú, Barra do Rio de Contas e Ilhéus. Este serviço não durou muito tempo, pois vários estafetas foram flechados pelos índios de matas próximas às estradas.

A INFLUÊNCIA DO ÍNDIO NA HISTÓRIA DE ILHÉUS

 

 

Foi muito grande a influência do índio nos costumes do colonizador branco, desde a alimentação até a linguagem. Eles ajudaram na construção da vila, ensinaram a fazer farinha de mandioca (chamada farinha de pau), e diversos alimentos à base de milho, feijão aipim e várias frutas e legumes.


Os índios também ensinaram os portugueses a usar a rede de dormir, canoas e jangadas para a navegação, e o asseio do corpo.


Os índios eram muito limpos, tomavam vários banhos por dia, e os europeus não primavam pela limpeza. É muito grande a influência dos índios nos nomes das cidades em toda a região do sul da Bahia, como Itabuna, Itapé, Itambé, Itapetinga, etc.

 A INFLUÊNCIA DO NEGRO NA HISTÓRIA DE ILHÉUS

O colonizador tentou escravizar o índio, mas não conseguiu porque este era o dono da terra e lutava até a morte pela liberdade. Com isto, a partir de 1539 os navios “tumbeiros” já singravam os mares trazendo africanos para o serviço da lavoura. O índice de mortalidade nestas viagens atingiam a cifra de 40%. Foi um comércio imundo, que toda a Europa participava dele. Segundo Rocha Pombo “o negro veio retemperar a raça branca que se trasladou para a América. A raça histórica em formação lucrou muito com o sangue africano”.


A influencia do negro foi muito significativa, na cultura brasileira de modo geral. A famosa comida baiana nada mais é do que a comida trazida da África. São famosos o acarajé, o vatapá, o caruru, o abará e tantos outros deliciosos pratos.


É grande a influência africana na comida baiana, como também na música tanto na baiana como também no samba que se transformou na marca do Rio de Janeiro.


Segundo o professor Arléo Barbosa, o fado que temos como música tipicamente portuguesa, é de origem brasileira com influência do negro e, foi introduzida em Portugal pelos embarcadiços que regressavam do Brasil.


Em toda Bahia é muito comum encontrarmos o chamado sincretismo religioso. Porque os portugueses não permitiam aos negros o cultos às suas divindades, eles procuravam identificar os santos da Igreja Católica com os seus orixás.

A ELEVAÇÃO DE ILHÉUS À CATEGORIA DE CIDADE

Depois do apogeu do início da colonização, a vila entrou em decadência, atrasando-se no tempo em relação ao resto do país que se desenvolvia normalmente. Os séculos XVII e XVIII passaram-se sem grandes acontecimentos.


A independência do Brasil e a abolição da escravatura passaram despercebidas pela população, segundo Silva Campos.


No dia 28 de junho de 1881, através da lei provincial nº 2.187, que foi referendada pelo Marquês de Paranaguá, Ilhéus foi elevada à categoria de cidade. Em 1913 a cidade foi transformada em bispado, tendo sido o seu primeiro bispo D. Manoel Antônio de Paiva.


Depois foi substituído por D. Eduardo José Herberold, que a cidade venera como santo e cujos restos mortais encontram-se na Catedral de São Sebastião, obra tão sonhada por ele.

A CULTURA DO CACAU EM NOSSA REGIÃO

O cacaueiro é planta nativa nas bacias dos rios Orinoco e Amazonas tendo sua origem nas Américas Central e do Sul, e antes de Cristo já era cultivado pelas grandes civilizações indígenas do Continente, principalmente pelos incas e astecas. A sua importância entre os astecas era tão grande que estes lhe impunham origem divina.


Os índios torravam e trituravam o cacau entre duas pedras, ferviam em água aromatizada com baunilha, canela, pimenta ou suco de aveia até que ficasse pastosa, quando era servido em taças. Mais tarde foram os espanhóis que adicionaram açúcar e inventaram o chocolate que conhecemos.


No México, a amêndoa do cacau durante muito tempo foi utilizada como moeda, e as cidades pagavam seus impostos em amêndoas de cacau.


Foi somente no século XVII que o cacau penetrou na Europa pois os espanhóis retiveram durante muito tempo o segredo da fabricação do chocolate.


Quando os europeus descobriram o chocolate, ficaram encantados e surgiu um livro escrito por Francisco Rauch, em Viena, proibindo aos clérigos o uso do chocolate por ser "droga inflamatória de paixões", por ser considerada afrodisíaca e assim despertar o desejo sexual. Em outras palavras, o chocolate seria fonte de energia.


O nome cientifíco do cacaueiro é "Theobroma Cacao" que significa "cacau, manjar dos deuses". É uma planta da família de Sterculaca e recebeu este nome do naturalista sueco Carolus Linneu. No Brasil, o cacau é nativo da Amazônia, tendo constituído por muito tempo um produto do seu extrativismo.


As primeiras plantações na Bahia datam aproximadamente de 1746, na fazenda Cubículo às margens do rio Pardo, na então Capitânia de São Jorge dos Ilhéus (hoje município de Canavieiras). Estas plantações foram feitas pelo português Antônio Dias Ribeiro, com sementes trazidas do Pará pelo francês Louis Frederic Warneau.


Esta plantação inicial quase fracassou em virtude de não poder concorrer com a cana de açúcar, muito próspera na época.


A lavoura do cacau foi implantada como curiosidade, talvez como planta exótica, mas cresceu de forma vertiginosa, porém desordenada. Não havia conhecimento técnico e só valia o pouco conhecimento desenvolvido pelos pioneiros e pelos seus descendentes. Mas mesmo assim chegou-se à conclusão de que o sul da Bahia era bastante apropriado para o cultivo do cacau.


Durante o século dezenove a cultura foi crescendo em meio a altos e baixos. No fim do século o comércio desenvolveu-se bastante com o aumento da colheita que deu a Ilhéus o lugar de primeiro produtor do mundo. Como a população se ressentisse da falta de transporte, o governo da Bahia assinou um contrato de concessão da estrada de ferro Ilhéus - Conquista que nunca passou de Aurelino Leal e foi desativada definitivamente em 1964.


Até o fim do século dezenove o cacau foi explorado pelos estrangeiros. À partir de 1900 começou uma nova etapa. Os nordestinos saídos de Sergipe, Alagoas e outos lugares vinham em busca do eldorado, do dinheiro fácil e abundante, e foi aí que tomou impulso e cresceu de forma definitiva a lavoura cacaueira. E foi quando voltou a se desenvolver a "Capitânia de São Jorge dos Ilhéus". Como o clima é uniforme, existem plantações de cacau de Valença a Porto Seguro.


O cacau tem sofridos crises críticas na sua história. Às vezes o que influi é o clima. A região tem chuvas constantes, mas existem épocas que a chuva não vem. Nos anos de grande seca a safra é afetada e com ela o bolso do cacauicultor que depende diretamente da ajuda do Governo Federal. Se não é o clima são os preços que caem vertiginosamente nas bolsas de Londres e Nova Iorque. Agricultor no Brasil é sempre um sujeito entregue ou às benesses do poder, ou ao esquecimento dos governantes.


As primeiras pesquisas sobre o cacau foram iniciadas em 1923, quando foi criada a Estação Experimental em Uruçuca pelo Ministério da Agricultura. Esta se limitou a fazer alguns estudos sobre práticas e beneficiamento do cacau, mas o trabalho não andava por falta de verbas.


Em meio á década de 80, a produção de cacau caiu, devido á mudança na temperatura, os preços internacionais que caíram, e também por uma praga conhecida com “vassoura-de-bruxa”. A economia de Ilhéus começou a se basear na atividade turistica, indústrial e na agricultura.

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