Joel Cavalcante

A MEIGUICE

Quando te olho
Vejo um olhar meigo
E palavras de carinho
Em cada parte do seu rosto
Sonho tanto…
Tanta poesia existe em ser poesia
Que não canso de olhar

Quando te olho
Vejo a carne por baixo do vestido
A mostrar-se também tão meiga
E respostas de carinho
Para nascerem a cada toque

Sua carne tem a têmpera da sua alma
Fala de coisas tão boas
Que não tendo conhecimento o inocente
Sabe que é o amor primeiro amor
Tantos outros surgirão
E cada um será primeiro amor
Seu encanto faz que seja assim

Joel Cavalcante

FLORES

Pego pedaços de pensamentos
Que o amor cavalga com gentileza
Enquanto pulam de uma cabeça para outra
Procurando o caminho do coração
E deles faço uma flor
Tão bela flor

Um tanto quanto imperfeita
Porque só eu posso vê-la
Perdão
Os que amam também

Caminho no parque
Tantos canteiros atiram flores aos olhos
De quem passa olha e fica mais bonito

Ipês amarelos tão altos
De onde caem flores sem pressa
E molemente como suspiros
Sem compromisso
Chegam ao chão

E me ponho a deliciar com a ideia
De que as flores
As que todos podem ver
São amores materializados

Joel Cavalcante

A LUA NA PORTA

A lua bateu na minha porta
E pediu licença para entrar
Eu disse tonto de tanta beleza
A casa é sua queira sentar

A lua sorriu uma luz de enigma
Com passos brancos foi onde queria
Meu coração de noite ela conhecia
Pois ele sempre em sua porta batia

Na mão da lua uma flor de prata
Estava dormindo a sua saudade
Que acordou para brincar com a minha
Tão amigas desde a flor da idade

Joel Cavalcante

HISTÓRIA MAL CONTADA

A mesma história contada por três pessoas
São três histórias diferentes
Difícil saber quem fala a verdade

A mesma pessoa
A mesma história
Contada em épocas diferentes
São histórias diferentes

Existe a verdade verdade
A verdade do momento
A verdade do interesse
A verdade que muda a toda hora
A verdade aumentada ou diminuída

A verdade não verdade,
Se confunde com a tolice
E nesta confusão imensa
De milhares de pessoas inventando
Aumentando ou diminuindo coisas
Sempre pondo em moldes próprios
As verdades são motocicletas no globo da morte
Em alta velocidade para lá e para cá
Zunindo e batendo uma nas outras
Assim
Sorri para quem odeia
E se fecha para quem ama

A vida se torna
Uma história mal contada

Joel Cavalcante

A LUA DO PRIMEIRO ADEUS

A…
Se a lua fosse gravador digital
E reproduzisse fielmente
O que meu coração disse para ela
Nas tantas noites que tinha só olhos de prata
Pedintes
E o resto anestesiado de dúvidas
Enquanto de amor morria em horas multiplicadas
E só a lua por testemunha de crime tão horroroso

Eu de olhos nela que me tinha todo
Pois só me restara os olhos
Depois que meu coração veio para eles
E para a lua subiu pelos raios da lua

Agora todos os dias olho a fêmea lua
Esperando que me dê coração de volta
Porque preciso de voltar a gostar
Eu preciso de voltar a gostar

A lua até que tem boa vontade
Mas não sabe qual é o meu
Porque tem tantos outros por lá
E talvez por isso
Tenha o brilho tão mágico de fazer doer

Joel Cavalcante

ÓDIO

O ódio quando não cega de vez
Faz enxergar tudo diferente
Onde existe uma rosa
Só enxerga espinhos

A vida se torna um lixo
Por se viver o lixo da vida
No lugar de campos floridos e sol
Amor e consideração com amizade

Delicadeza e solidariedade
Somem no vento da raiva

RAZÃO

É o que todo mundo tem em tudo
Mesmo não sabendo nada

Bom é ter amor e ser amado
Vivendo a vida do riso e do choro
Com tudo que tem que acontecer acontecendo

Coisa boas e ruins na vida de todos
É preciso estar de olhos abertos
Para poder ver e saber

Triste quando acontecimentos maravilhosos chegam
Mas quem quer enxergar a parte ruim
Vê apenas coisas ruins mesmo que sejam boas
E o olho engana o coração que engana o olho
Que se engana e engana todo o resto

Joel Cavalcante