Poemas & Poesias

A Poesia e/ou Poema ausente do dia a dia da alma humana.

Poemas & Poesias

Robson Felix

NADA ALÉM

Quero o amor me rondando;
Quero chorar por alguém;
Quero o meu peito gritando;
Quero voar, ir além;
Quero minhas mãos tremulando;
Quero tua boca beijando;
Quero gritar “eu te amo”;
Quero dormir desejando;
Quero falar do meu bem;
Quero partir já voltando;
Quero você me ninando;
Quero meus pés flutuando;
Quero meu corpo suando;
E quero teus olhos também;
Eu quero te amar, nada além.

A PAIXÃO

É a razão de viver;
É beber pra esquecer;
É jamais esmorecer;
É ao amor socorrer;
É nunca subentender;
É sufocar de prazer
É correr para escrever;
É brincar de sofrer;
É mudar sem perceber;
É mais forte que você;
É o sol a entardecer;
É pimenta a arder;
É te ver e te que querer;
É amar sem padecer;
É transar pra se aquecer;
É gozar e falecer;
A paixão é você.

DIÁRIO DE BORDO

Sábado – 18h05min. A solidão parece abraçar-me. Chove e a janela está ornada de lágrimas. Sigo sozinho há duas semanas. Dor e vazio. Sinto a falta de meu filho, mas acho melhor dar um tempo. Sinto também falta dela. De sua presença, de seus carinhos. Mas, é fato que já não dá mais para continuar. Revejo fotos antigas. Jornais leio e releio. Psicografo alguma coisa sem sentido. A poemas tento dar vazão. “A dor é sempre muito inspiradora”, dizem os poetas. É. Talvez. Mas, dói. Sinto um vazio imenso. Sinto-me meio covarde de não tentar mais uma vez, por desistir de vez de nós. Na verdade, estou dividido. Metade de mim acha que foi uma decisão acertada.

Bebo um chá, escrevo mais alguma coisa. Ouço discos antigos. Gravo uma compilação de músicas velhas que foram importantes para nós dois. A trilha sonora de nossa relação doente. Choro, grito, brigo comigo mesmo. Sou adepto à uma vertente Rodrigueana, que acha que se o sofrimento é inevitável, que seja logo, que seja agora, que seja de uma só vez. Com intensidade e paixão.

Arma-se um grande debate, mesa redonda, dentro de mim e eu pareço ser o interlocutor de mim mesmo. São diversas testemunhas de dentro de mim. Cada uma querendo depor a favor, contra ou sobre o muro. Mas, serei condenado pela maioria do júri, é óbvio.

Mais dúvidas e medo.

Tento compor algo ao piano. Não consigo tocar nada. Grito mais uma vez. Reflito. Desisto. Concluo que sou teimoso demais para voltar atrás.

Fato!

Melhor assim.

Exausto, escrevo.
Ao meu lado – ela, minha biógrafa preferida – a solidão, sorri.

OLHOS TRISTES

Meu amor por você não é bom.
Quero vê-la sangrando e implorando para que eu volte,
Fazendo jus aos seus pequeninos olhos tristes.

Meu amor é o mais estranho que existe.
Às vezes passa, até mesmo, por um ódio intenso e pus.

Existe polêmica sobre se eu posso amar.
Uma junta de especialistas se forma dentro de mim.
Alguns acham que todos podemos,
E no final acho que é o amor o que eu temo.

A verdade do seu amor que sangra por pequenos furos em seu corpo,
Manchando os lençóis e minh’alma.

Calma é algo que perdi com a idade.

 

Joel Cavalcante

A MEIGUICE

Quando te olho
Vejo um olhar meigo
E palavras de carinho
Em cada parte do seu rosto
Sonho tanto…
Tanta poesia existe em ser poesia
Que não canso de olhar

Quando te olho
Vejo a carne por baixo do vestido
A mostrar-se também tão meiga
E respostas de carinho
Para nascerem a cada toque

Sua carne tem a têmpera da sua alma
Fala de coisas tão boas
Que não tendo conhecimento o inocente
Sabe que é o amor primeiro amor
Tantos outros surgirão
E cada um será primeiro amor
Seu encanto faz que seja assim

Joel Cavalcante

FLORES

Pego pedaços de pensamentos
Que o amor cavalga com gentileza
Enquanto pulam de uma cabeça para outra
Procurando o caminho do coração
E deles faço uma flor
Tão bela flor

Um tanto quanto imperfeita
Porque só eu posso vê-la
Perdão
Os que amam também

Caminho no parque
Tantos canteiros atiram flores aos olhos
De quem passa olha e fica mais bonito

Ipês amarelos tão altos
De onde caem flores sem pressa
E molemente como suspiros
Sem compromisso
Chegam ao chão

E me ponho a deliciar com a ideia
De que as flores
As que todos podem ver
São amores materializados

Joel Cavalcante

A LUA NA PORTA

A lua bateu na minha porta
E pediu licença para entrar
Eu disse tonto de tanta beleza
A casa é sua queira sentar

A lua sorriu uma luz de enigma
Com passos brancos foi onde queria
Meu coração de noite ela conhecia
Pois ele sempre em sua porta batia

Na mão da lua uma flor de prata
Estava dormindo a sua saudade
Que acordou para brincar com a minha
Tão amigas desde a flor da idade

Joel Cavalcante

HISTÓRIA MAL CONTADA

A mesma história contada por três pessoas
São três histórias diferentes
Difícil saber quem fala a verdade

A mesma pessoa
A mesma história
Contada em épocas diferentes
São histórias diferentes

Existe a verdade verdade
A verdade do momento
A verdade do interesse
A verdade que muda a toda hora
A verdade aumentada ou diminuída

A verdade não verdade,
Se confunde com a tolice
E nesta confusão imensa
De milhares de pessoas inventando
Aumentando ou diminuindo coisas
Sempre pondo em moldes próprios
As verdades são motocicletas no globo da morte
Em alta velocidade para lá e para cá
Zunindo e batendo uma nas outras
Assim
Sorri para quem odeia
E se fecha para quem ama

A vida se torna
Uma história mal contada

Joel Cavalcante

A LUA DO PRIMEIRO ADEUS

A…
Se a lua fosse gravador digital
E reproduzisse fielmente
O que meu coração disse para ela
Nas tantas noites que tinha só olhos de prata
Pedintes
E o resto anestesiado de dúvidas
Enquanto de amor morria em horas multiplicadas
E só a lua por testemunha de crime tão horroroso

Eu de olhos nela que me tinha todo
Pois só me restara os olhos
Depois que meu coração veio para eles
E para a lua subiu pelos raios da lua

Agora todos os dias olho a fêmea lua
Esperando que me dê coração de volta
Porque preciso de voltar a gostar
Eu preciso de voltar a gostar

A lua até que tem boa vontade
Mas não sabe qual é o meu
Porque tem tantos outros por lá
E talvez por isso
Tenha o brilho tão mágico de fazer doer

Joel Cavalcante

ÓDIO

O ódio quando não cega de vez
Faz enxergar tudo diferente
Onde existe uma rosa
Só enxerga espinhos

A vida se torna um lixo
Por se viver o lixo da vida
No lugar de campos floridos e sol
Amor e consideração com amizade

Delicadeza e solidariedade
Somem no vento da raiva

RAZÃO

É o que todo mundo tem em tudo
Mesmo não sabendo nada

Bom é ter amor e ser amado
Vivendo a vida do riso e do choro
Com tudo que tem que acontecer acontecendo

Coisa boas e ruins na vida de todos
É preciso estar de olhos abertos
Para poder ver e saber

Triste quando acontecimentos maravilhosos chegam
Mas quem quer enxergar a parte ruim
Vê apenas coisas ruins mesmo que sejam boas
E o olho engana o coração que engana o olho
Que se engana e engana todo o resto

Joel Cavalcante

 

 

Fernando Melo

 

EU SONHO

Essa noite eu tive um sonho…
Eu tive um sonho bem diferente e comovente,
Eu até tentei não chorar…
Mais o meu sonho foi sobre agente,
No meu sonho você me dizia…
Que eu não servia pra você,
Que era pra eu viver e te esquecer…
Eu tentei conter as minhas lágrimas e a minha dor,
Mais cada vez mais estava difícil…
Eu gritava pedindo pra me acordar,
Porque esse sonho tava acabando comigo…
Foi Então que!!!
Eu tive que gritar bem mais alto,
Tive que te pedi socorro…
Você me ouviu e me ajudou,
Me acordou desse pesadelo…
Deitou comigo e me amou…
O meu medo só passou, porque você está aqui comigo, Me dizendo que: ainda!
Me ama muito.

(Autor)
Fernando Melo.

EU NAO CONSIGO ESQUECER VOCE

Hoje!!!!
Eu posso até dizer que eu ja esqueci você…
Eu posso até fingir que não amo mais você..
Eu posso fechar meus olhos e não querer sonhar com você., Eu posso!!!
E tem mais…
Eu posso procurar razões, fugir das Emoções, Me perder em qualquer imenso mar..
Mais nada do que eu faça … Ou pense
Em fazer, Vai apagar em mim…
Essa imensa saudade que eu sinto de você…
Eu posso tudo que eu quizer, só basta
Eu fechar meus olhos e acreditar em mim…
Mais o que eu não consigo e esquecer
Você, (Ou…)
Tirar você da minha vida.

(Autor)
Fernando Melo.

O PROBLEMA é SEU

Se você não sabe o que e amor…
O problema e seu!!
Se você nunca foi amada…
O problema e seu!!

Se você nunca ouviu alguem te dizer,
Eu te amo,
O problema e seu!!

Se você chorou…
Se você sofreu…
Se você nunca ganhou uma flor..
E só se perdeu no seu caminho pro amor…
O problema e seu!!

Lembra que eu já passei por tudo isso um dia…
E quando eu pedi a sua ajuda,
você me olhou nos olhos,
E me disse…
Que o problema era meu.

(Autor)
Fernando Melo.

AO VER VOCE com OUTRO ALGUEM CHOREI

Ainda ontem, eu chorei ao ver você com outra alguém…
A minha dor foi tão forte,
Que você não faz ideia de como eu chorei , sofri e fiquei..
Depois de tanto que eu te amei,
E De tudo que passei pra te fazer feliz,
Eu juro que eu não quis ..
Vê – lá nos braços de outro alguém que não sou eu,
As minhas horas passam, o meu dia vai passando e a noite vai chegando…
Eu to sozinho no meu quarto,
Eu procuro e não acho!! seu..
nem retrato,
Porque voce levou tudo de mim…
Tudo e todas as coisas ,
que matasse a minha saudade.

(Autor)
Fernando Melo.

VOĊÊ E TUDO que EU PRECISO

Ouve um tempo!!
Em que eu me sentia perdido como um beija flor…
Sem intenção alguma de pousar,
Mais eu era só…
E ser só e tão ruim,
Porque a solidão doi…
Mais hoje você e tudo que eu tenho… E preciso,
Deus tomara que não seja só um lindo sonho,
Porque o que me alimenta e esse seu sorriso, os seus beijos…
E esse seu amor!!
Viu!! como eu sempre te digo todos os dias…
Você e tudo que eu quero,
E preciso nesta vida.

(Autor)
Fernando Melo.

Adilson Alchuiy

BESTIAL

no hospício morrem lentamente
quem não leu Neruda
ou os salmos distantes
não distingue a metamorfose
dos mortos
o cheiro de alixe
o amadurecimento dos tomates
as oferendas que o diabo
aceita nos tratados falsos
porém na realidade te dedico
o motivo da cítara no meu sangue
o gélido poema na imortalidade
fímbria esvaída em paixões
que consomem a carne
o coito abrupto
as rosas com espinhos
que furam os balões
no parque
amolgo o fogo celeste no prisma
velocíssimo das noites…

SININHO SE APAIXONA

uma bússola no crânio dos piratas
a respiração das pedras no voo das libélulas
Peter não sabe
há um gancho nas armadilhas
um crocodilo com o tempo nas entranhas
nesta Terra nunca os sonhos foram desperdiçados
na memória…
a infância liberta
em novas aventuras!
há um pó em tudo que flutua
um segredo que avisa
a fibra instável nos homens
são meninos brincando de todas
as coisas…

SEM CICATRIZES

inquietas vibrações
ascendem do vazio
& tudo que nos resta mais não é
senão oxigênio
radiação de hélio
buscas frenéticas no estio das mãos
que seguem
fulminantes carícias nos regressos
abruptas margens de silêncios puros
enseadas nos teus olhos
um mar nos meus sentidos
a solidão descansa no corpo disponível
ao contato
tudo sem nós continuará
& talvez a morte ou a memória nada
significam…

CAPÍTULO NORMAL

risco de álcool zulu
na beira de fogões com sopas
na pressão das panelas
ou de um ralador nas tatuagens
arrependidas
causa em autópsias mal feitas
chicletes no corrimão dos castelos
em ruínas
chapinha nas teias dos cabelos
desgrenhados da bruxa
com chocolate escorrendo dos lábios
viciantes ao doce das madrugadas
diabéticas
temores na jaula aberta
dos sentidos sem caças
desejos no canil ao uivar com os lobos
na colina sem luas
prazeres acorrentados ao cotidiano
comum das novelas com o ópio global
dos casamentos no final feliz
da vida!

CREPÚSCULO DOS IDOS

sensações extenuadas
bálsamos de mirra
nos suores amarelos
de um sol de matinées
mitigadas por flores
cantarolando Beatles
Strawberry Fields Forever
cheiro de fumaças
teus cabelos ao vento
um fusca 69 com baratas
no porta luvas com um rayban
paraguaio
como quem explora Marte…
ou crateras de vulcões extintos
primatas trepando
elixires de longa vida vencidos
em carroças no oeste selvagem
de nossos beijos
Raulzito cantando um tango
nus à beira do mar das piscinas
lembrando Brian Jones
no seu último mergulho…

 

Alberto de Oliveira

alberto

A JANELA E O SOL

“Deixa-me entrar, – dizia o sol – suspende
A cortina, soabre-te! Preciso
O íris trêmulo ver que o sonho acende
Em seu sereno virginal sorriso.

Dá-me uma fresta só do paraíso
Vedado, se o ser nele inteiro ofende…
E eu, como o eunuco, estúpido, indeciso,
Ver-lhe-ei o rosto que na sombra esplende.”

E, fechando mais, zelosa e firme,
Respondia a janela: “Tem-te, ousado!
Não te deixo passar! Eu, néscia, abri-me!

E esta que dorme, sol, que não diria
Ao ver-te o olhar por trás do cortinado,
E ao ver-se a um tempo desnudada e fria?!”

CHEIRO DE ESPÁDUA

“Quando a valsa acabou, veio à janela,
Sentou-se. O leque abriu. Sorria e arfava,
Eu, viração da noite, a essa hora entrava
E estaquei, vendo-a decotada e bela.
Eram os ombros, era a espádua, aquela
Carne rosada um mimo! A arder na lava
De improvisa paixão, eu, que a beijava,
Hauri sequiosa toda a essência dela!

Deixei-a, porque a vi mais tarde, oh! ciúme!
Sair velada da mantilha. A esteira
Sigo, até que a perdi, de seu perfume.

E agora, que se foi, lembrando-a ainda,
Sinto que à luz do luar nas folhas, cheira
Este ar da noite àquela espádua linda!”

VASO GREGO

Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois… Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.

Alexei Bueno

alexei

PRANTO PARA COMOVER JONATHAN

Os diamantes são indestrutíveis?
Mais é meu amor.

O mar é imenso?
Meu amor é maior,
mais belo sem ornamentos
do que um campo de flores.

Mais triste do que a morte,
mais desesperançado
do que a onda batendo no rochedo,
mais tenaz que o rochedo.

Ama e nem sabe mais o que ama.

A FLORBELA ESPANCA

Amada, por que eu tive a tua voz
Depois que o Nada teve a tua boca?
A lua, em sua palidez de louca,
Brilha igual sobre mim, e sobre nós!…

Porém como estás longe, como o algoz
De um só golpe sem fim – a Morte – apouca
Os gritos dos que esperam, a ânsia rouca
Dos que atrás têm seu sonho, os grandes sós!

Aqui não brilha o mundo que engendraste
Como o manto de um deus, e astros sangrentos
Não nos rolam nas mãos da imensa haste.

E só estes olhos meus, que nunca viste,
Se incendeiam, vitrais na noite atentos,
Voltados para o chão aonde fugiste!

SONETO

Há um mar que ruge à minha volta, e nesta ilha
Fora das rotas, mas na noite, me encontrei
Envolto em água, envolto em treva, e já nem sei
Qual foi o barco que me trouxe, onde sua quilha.

Unicamente sobre mima lua brilha
E o mar de abismos cospe atrás, onde afundei,
Que nem enxergo nesta luz da qual sou rei
Além da noite a rocha e a lua, sua filha.
Sombra exilada que não lembra de onde veio,
Escuto ondas mais antigas que as do mar…

Que voz me chama no negror que as corta ao meio?
Aqui estou salvo, mas não quero, sonho a fera
Maior que a vida, o mar em fúria, o retornar,
Eu, rei de um povo submerso que me espera.

 

 

Armando Roda

 

armando

PRIMEIRA MANHÃ

Eu não fechei o olho a noite inteira
Me levantei sozinho e com olheira
Encharcado de suor
Já arrumei o quarto e a prateleira
O seu retrato coloquei na cabeceira
Desliguei o despertador
Tirei o leite e a manteiga da geladeira
A água esta fervendo na chaleira
Coloquei o pó no coador
Ah! O pão já está na torradeira
Já arrumei talher, mesa e a cadeira
Empurrei para o canto a dor
Já estou aqui sentado de bobeira
Esperando você cruzar a soleira
Com seu sorriso encantador
Mas esta é a minha manhã primeira
Desta minha vida tão traiçoeira
Que levou o meu amor
Para sempre o meu amor.

QUASE

Quase
Ontem quase
Quase minhas mãos em seus cabelos
Quase teus lábios nos meus
Quase felicidade plena
Quase
Quase
Ontem quase
Quase seu cheiro em minha memória
Quase eu e você fomos nós
Quase romance
Quasequase

Daniel

daniel

SENTIDOS

O crepúsculo inicia a sua longa jornada,
Por entre batalhas perdidas e vencidas,
Por caminhos que levam ao nada,
Entre memórias à muito esquecidas…

O desejo prepara as suas garras
Para com elas desejar guerrear
A invencível força das amarras
Segurando no solo quem deseja voar…

O fogo deseja gravar na pele
O amor desaparecido na areia.

Nenhuma chama de puro mel
Docilmente queima, nem incendeia

O coração frio de tanto sofrer…
A minha vida é um curto resumo.
Aparentemente acabei por me perder,
Aparentemente, já não tenho rumo.

A ÚNICA…

As lágrimas incessantes do meu coração aberto
Mancham a minha alma com nódoas ardentes,
Das quais, por muito que tente, não me liberto,
Nem da solidão, que em mim, sussurra entre dentes:

“Foste derrotado, foste indesejado e cuspido ao chão…
Caíste nos teus joelhos quando a esperança se foi!
Deixa-te estar assim, prostrado, lacrimoso, em oração,
Pois sabes que não é a ferida da carne que te dói!”

Nunca me perderei mais no que poderia ter sido…
Não quero mais desperdiçar esta vida insignificante!
Posso ter sido injustamente derrotado, vencido,
Mas isso não fará de mim um eterno errante!

Aceito o meu passado para poder possuir um futuro,
Não lamento o ontem em detrimento do amanhã!
No desejo de ter um coração de pedra, forte e duro,
Eu sei perfeitamente, que de pedra, ele nunca será…

LUAR

O que desencadeia o estimulado
Sabor de frutos destruídos?
As acalmias de um mar transtornado
São música para os ouvidos

De quem na praia se senta
Olhando para além do mundo…
O ondular é a foz que aguenta
As lágrimas de um rio moribundo

Que corre sem ter onde correr,
Que respira sem ter ar,
Que vive porque vai morrer,
Que grita porque não sabe falar…

Pelo recanto do olhar felino
Se vislumbram as emoções…
As vozes são o cantar de um sino
Que harmoniza as recordações

Da ondulação suave e pacifica
Que presentemente se faz sentir…
A sombra é audácia magnífica
Que combate o inexistir…

Disperso, exausto, sem alento
No íntimo do meu vazio peito,
Eu sonho alto o meu tormento,
Alegórico fruto do mar desfeito,

Que frequenta o meu coração
E minha alma preenche…
Sou desprovido de visão,
Cego na maré que enche

O areal de lágrimas solitárias,
O corpo de desabafos sentidos,
A mente de lembranças sedentárias,
A alma de desejos esquecidos…

Em breve o sono me levará
A um sonho, pesadelo ou festa…
Terei paz até chegar o amanhã…
E isso é tudo o que me resta…

Quando os olhos omitem o ver
E os lábios esquecem o beijar
Todos riem de mim ao saber
Que uivo minhas mágoas ao luar…

LUTAS…

Estou caído no escuro,
Não vejo, mas sinto temor!
Rastejo um solo obscuro,
Inerte, vago, sem cheiro ou sabor…

Razões que ninguém me diz…
Dói, arde novamente
Os cortes abertos que eu fiz
No coração, na alma, na mente!

Eu sou apenas como tu…
Sinto mais, com mais intensidade?
Será que o meu corpo nu
Poderá ser, junto ao teu, realidade?

Não me amas, apenas sentes
Um corpo que também não ama…
As labaredas são beijos quentes
Que me beijam a cada chama!

As lágrimas não apagam este fogo!
Os sonhos são esperanças que perdi…
No mar ardente da decadência me afogo
Sem luta… não sofro, não amo, já morri!

David Roballo

davi

MULHERES

Mulheres!!!
Deusas disfarçadas na fragilidade.
Com apenas um olhar
São capazes de destruir
E reconstruir a humanidade.

Deve ser por isso
Que os homens recalcados
As prenderam em um livro
Como inventoras
Do pecado.

Desde então está guardada a luz
De todas as estrelas e sois
Longe paira verdadeira felicidade
Que a paz conduz nos braços de
Seus olhos radiantes cheios de vida…

Tantos anos no porão
Da cozinha as fizeram
Diminuídas, escabeladas
Desacreditadas da própria
Divindade inata…

É assim, que os machos as querem
Subjugadas, medrosas e submissas
A uma ordem, a uma ilusão desenhada
Para contê-las presas
Na própria claridade.

Evas contemporâneas;
Mães de cains e abéis desenfreados
Vassalas de adães desmiolados…
Já é hora de iluminar o mundo
Com seus predicados…

CLARIDADE

Vem já aurora cor de rosa
Desfraldar a incansável chama
Astro dispersador de meus medos;
Ampliador de meus olhares;
A contemplarem as cores
Que tingem o horizonte.

Venha aquecer-me luz de minha esperança
Venha acariciar-me as madeixas
E os sonhos que brotam de minha insanidade…
Venha dar-me teus raios, que dás a todos
Sem importar a natureza.

Venha debruçar-se em meu cenho calejado
Senhor incondicional e benévolo
Que repartes os dias que alimentam o tempo
Com a noite, que me açoita com mil tormentos.

Venha imprescindível flamejante
Enxugar-me as lágrimas
Pelo que o tempo comeu distante.

Venha, venha aquecer com tuas centelhas…
Este irmão de Diógenes…

Venha gênio sol, resgatar-me da miragem humana…

NOITE

Noite dama suprema das estrelas
Embebida de claridade em teu longo vestido
Que veste quando o sol se cansa dos humanos.
Ainda bem que existes, princesa da escuridão,
Mãe dos poetas, bálsamo de ilusão.

Noite fiel companheira e silêncio
Respeitosa inclina-te ao som das cachoeiras
E ao vôo da coruja sentinela;
Contemplo-te de meu átrio risonho
Ou do encosto de minha janela.

Noite avatar de minha inspiração
Em teus cabelos negros mergulho
Num mar de paz e contemplação;
A ti espero, a ti quero
Para escrever com alma e coração.

Eloy Franco

eloy

O QUE ADORO EM TI

Não são teus olhos cheios de um amor profundo
Que misturam candor com um quê de mistério.

Por teus olhos, qualquer homem deste Mundo
Daria com prazer o Mais Poderoso Império !
também não são teus seios imponentes,
Maravilhas inigualáveis, esculturais,
Expostos como dois promontórios insolentes,
Promessas arfantes de prazeres sensuais !

Nem é também aquela maravilha tão desejada,
Vistosa, peludinha . . .tão deliciosa como o Sapoti !
Altar do amor. . .De mil delícias a entrada,
Uma das mil razões de minha Paixão por Ti ! !

O que adoro em ti é a tua Alma sem defeitos,
Pura como o sorriso de uma criança,
Alheia ao Mundo, alheia aos preconceitos,

Rica de crenças, Cheia de Esperança !!!

SONHO DE AMOR

Um lindo amor, entre nós nasceu,
Sua Alma você, com avidez me deu.
Encontro que trouxe um feliz ensejo
De eterna delícia e sublime desejo. . .

Um lindo amor, muito bem cuidado
Não vai virar em um triste passado!
Bendigo contrito nossa união Divinal
E a beijo assim com um amor sensual,
Pois amor como o seu não tem outro igual…

HORA DERRADEIRA

Deus está pedindo estrita conta do meu tempo
E é preciso do tempo já dar conta.

Mas, como dar sem tempo tanta conta ?
Eu, que perdi sem conta tanto tempo ?
Para ter minha conta feito a tempo
Dado me foi bom tempo e não fiz conta.

Não quis, sobrando tempo fazer alguma conta.
Quero agora fazer conta e não tenho mais tempo.
Oh ! vos que tendes tempo sem conta
Não passeis vosso tempo ignorando vossa conta.
Cuidai, enquanto há tempo, de fazer conta.

Se aqueles que contam com tempo sem conta,
Fizessem desse tempo alguma conta,
Não chorariam agora por não terem mais tempo!!