José J. Santos

jose

O ESPELHO DA SOLIDÃO

O emaranhado de palavras
São o poema da nossa vida
O espelho na solidão de lavras
A ausência da vontade querida

Um passado que nem é para contar
E tudo o mais é transparente
Um futuro para quando o sol raiar
Como o desejo se torna eminente

Como o branco é alvura
O pensamento a razão atura
E se rende á compaixão

No acto de bem-querer
Dor e sacrifícios á que esquecer
É o espelho da solidão.

SABER DEIXAR

Correr no tempo, sem hesitação
Olhar o passado e esquecer
Os momentos tristes e de desilusão
Pensar no novo dia e saber
Saber amar é saber deixar
Saber deixar é saber amar

Todas as formas de querer
No desejo, na paixão
Os fantasmas são para esquecer
Dar espaço ao coração
Abrir a mente á oportunidade
Até poder amar com saudade.

O MEU RIO ALCABRICHEL

O rio nasce na serra de Montejunto
Vila verde dos Francos fica bem perto
Por Maxial, Ramalhal, ele passa junto
A-Dos-Cunhados é mais que certo

Junto as termas do Vimeiro
Que fica na Maceira
Lá continua sorrateiro
Até Porto Novo é ligeiro

No atlântico desagua
Sua foz é em Santa Rita
O Hotel assoma junto a lua
Campo de golfo todo catita

Ai rio tão imponente
Onde as gaivotas não tem asas
São as que levam gente
Não as que posam nas casas

Da serra e aldeias
Entre vales e escarpas
Tua beleza nos presenteias
Aos olhares não escapas

Nele eu nadava e pescava
Eram horas bem passadas no rio
Enquanto a minha mãe a roupa lavava
Eu ficava até tremer de frio

Agora não passa apenas
De um riacho de esgoto
Era um rio de águas amenas
Agora é um nado morto

A beleza natural
Que o homem consciente
Continua a fazer mal
A ele e a toda agente.