O ESPELHO DA SOLIDÃO
O emaranhado de palavras
São o poema da nossa vida
O espelho na solidão de lavras
A ausência da vontade querida
Um passado que nem é para contar
E tudo o mais é transparente
Um futuro para quando o sol raiar
Como o desejo se torna eminente
Como o branco é alvura
O pensamento a razão atura
E se rende á compaixão
No acto de bem-querer
Dor e sacrifícios á que esquecer
É o espelho da solidão.
SABER DEIXAR
Correr no tempo, sem hesitação
Olhar o passado e esquecer
Os momentos tristes e de desilusão
Pensar no novo dia e saber
Saber amar é saber deixar
Saber deixar é saber amar
Todas as formas de querer
No desejo, na paixão
Os fantasmas são para esquecer
Dar espaço ao coração
Abrir a mente á oportunidade
Até poder amar com saudade.
O MEU RIO ALCABRICHEL
O rio nasce na serra de Montejunto
Vila verde dos Francos fica bem perto
Por Maxial, Ramalhal, ele passa junto
A-Dos-Cunhados é mais que certo
Junto as termas do Vimeiro
Que fica na Maceira
Lá continua sorrateiro
Até Porto Novo é ligeiro
No atlântico desagua
Sua foz é em Santa Rita
O Hotel assoma junto a lua
Campo de golfo todo catita
Ai rio tão imponente
Onde as gaivotas não tem asas
São as que levam gente
Não as que posam nas casas
Da serra e aldeias
Entre vales e escarpas
Tua beleza nos presenteias
Aos olhares não escapas
Nele eu nadava e pescava
Eram horas bem passadas no rio
Enquanto a minha mãe a roupa lavava
Eu ficava até tremer de frio
Agora não passa apenas
De um riacho de esgoto
Era um rio de águas amenas
Agora é um nado morto
A beleza natural
Que o homem consciente
Continua a fazer mal
A ele e a toda agente.