A Cigarra e a Formiga
A cigarra, sem pensar em guardar, a cantar passou o verão.
Eis que chega o inverno, e então, sem provisão na despensa, como saída, ela pensa em recorrer a uma amiga,
sua vizinha, a formiga, pedindo a ela, emprestado, algum grão, qualquer bocado, até o bom tempo voltar.
“Antes de agosto chegar, pode estar certa a senhora:
pago com juros, sem mora.”
Obsequiosa, certamente, a formiga não seria.
“Que fizeste até outro dia?”
perguntou à imprevidente.
“Eu cantava, sim, Senhora, noite e dia, sem tristeza.”
“Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança agora…”
Do livro Fábulas de La Fontaine, 1992.