O Rato e o Elefante 

 O Rato e o Elefante 

Um mínimo ratinho, ao ver um elefante

Dos de vulto maior – quadrúpede gigante –

A motejar se pôs do caminhar pausado

Do famoso animal, que no dorso elevado,

Como em terceiro andar, tranqüilo conduzia,

Com sultana gentil de ilustre hierarquia,

O seu gato, o seu cão, sua velha companheira,

Um papagaio e um mono, a sua casa inteira,

Que iam de romaria.

 

O mísero ratinho

Pasmava ao ver o povo atento no caminho

A contemplar absorto aquela enorme massa:

 

– Como se o ocupar maior ou menor praça

Tirasse – êle dizia – ou importância desse!

 

Homens, que admirais vós num animal como êsse???

O volume será, do corpo seu robusto,

Que infantes apavora e os faz tremer de susto???

Nem um só grão, sequer, nós nos prezamos menos

Que um elefante, nós , que somos tão pequenos!

 

E mais ainda o rato iria grazinando,

Se o gato, da gaiola um lesto salto dando,

Não lhe houvesse mostrado, em menos de um instante,

Que diferença vai de um rato a um elefante.

 

La Fontaine

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