Iamuricumás – As Mulheres sem o Seio Direito
Em meio a uma grande festa, os índios haviam concluído a cerimônia de furar as orelhas de seus meninos, após a qual as crianças permanecem de resguardo. Segundo o costume, os homens da tribo foram à pesca para bem alimentá-las, enquanto as mulheres prosseguiram com o corte dos cabelos. Percebendo que os pais demoravam a chegar, o filho pajé decidiu ir ao rio, onde pôde observa-los batendo o timbó e pegando muitos peixes. Repentinamente, como por encanto, os índios transformaram-se em animais selvagens. Assustado o menino correu à tribo, relatando à sua mãe o que sucedera. Esta avisou as outras mulheres e, reunidas, preparavam-se para fugir dentro de poucos dias, pois os homens da pescaria agora representavam perigo! Pintaram-se e ornamentaram o corpo como se fossem homens.
Em seguida a esposa do pajé, à frente do grupo, entoou um canto, conduzindo-o até a floresta. Lá, untaram-se de veneno transformando-se no espírito Mamaé. Após cantarem e dançarem dois dias sem cessar, pediram a um velho que, pousando sobre as costas a casca de um tatu, seguisse à sua frente, abrindo-lhes passagem. O homem passou a agir como se fosse o próprio animal. As mulheres, indiferentes aos homens da pescaria, seguiram o seu caminho, a cantar e a dançar, levando consigo mulheres de mais duas aldeias. Suas crianças foram lançadas ao rio, tornando-se peixes. Ainda hoje, as Iamuricumás viajam dia e noite, armadas de arco e flecha. Não possuem o seio direito, para melhor manejá-los. E assim, cantando e dançando, continuam a abrir caminhos pela floresta, seguindo eternamente o homem tatu.