Quando o susto cresce mais que o espanto
Ouviu-se um estrondo ensurdecedor. A cama movia-se desconcertadamente. Mário despertou temeroso, mal conseguiu organizar as ideias, já estava pronta a conclusão, esperando o seu desespero, certamente aquilo era assunto de algum fantasma, a mando de alguém invejoso.
— Nyadayeo.!!!!(socorro!) – Gritou Mário, segurando-se na sua cama, igual mulher em dia parto. E foi quando o espanto cresceu mais que o próprio susto, espreitou para todos os cantos de sua cama, e nada. Sussurrou:
— Mafalda…! – E a voz estava tão tímida que nem se ouvia. Olhou para si mesmo, em confessada decepção. Como podia ser, logo ele, tão garboso, tão crente em si mesmo, ter tamanho medo. Ajeitou-se um pouco mais, recompôs-se, que aquela não era a postura que convinha a um filho de um régulo, tão afamado. Em tom mais sonante, quase como quem cobra satisfação, indagou:
— Quem ousa, perturbar o meu sono assim?
E somente o silêncio dignou-se a respondê-lo. Abanou a cabeça, esboçou um sorriso, e viu o quanto havia sido tolo. Até que ouviu uma voz, tremula, quase que em choro.
— Ajuda-me!!! Ajuda-me Mário!!!
Mário encolheu-se em seus lençóis, mais encolhido que um caracol.
— Não te ajudo!!! —exclamou — Eu não me meto nos assuntos do além. Mas digo-te uma coisa, e é melhor escutares bem, se levas-te a minha mulher é melhor saber que não vou lhe aceitar de volta. Já vieram uns assim como tu, e lhe devolveram dia seguinte, alegando insuficiência de verbas. É que sabes, ela é muito espaçosa. As vezes até penso que ela é peso mais pesado que a própria mercadoria.
— Para de falar bobagens seu parvo! – Gritou a mulher.
Mário espreitou para o lado esquerdo da cama, ainda coberto pelo lençol. Tinha somente a face descoberta.
— És tu mesmo Mafalda? Vá responda-me Mulher!
— Tira-me do chão Mário!
— Haha..! Mulher você é gorda! E é melhor acreditar no teu marido. Juro! Verdade verdadeira. Faltou quase para pouco para te levarem. Ias de uma vez para todas, quem sabe assim, eu enriquecia.
Drume Draan