A dança
As mãos dançando pelo ar tão suavemente, transpassando sobre a cabeça e encontrando-se nas ondas que os braços permitiam ela criar. Descendo e subindo com suas suavidez desejada por qualquer corpo merecido de arte. Essas mãos que tanto pediram perdão e renuncias, mãos de quem deseja o inesperado. Mãos de quem não teme quando abrirem a porta. Mãos que se contorcem no ar, em giros mirabolantes indo do mais alto apêndice até o mais baixo globo terrestre, tocando quase o chão como quem acaricia a própria pele. Agora estão ávidas, ativas imunes de serpentes. O som da gaita enérgica que como estilo de valsa, ela transgredia há ouvidos sobre-humanos. Mãos que ouviam a gaita e dançavam, mãos que por enquanto sem corpo, mas mãos que tinham objetivo. Aos poucos encontrou-se com cabelos que os dedos não deixaram de se ater e roça-los como quem penteia os cabelos lentamente. E ao ir de encontro com a raízes da onde vinham os cachos cor de caju, ela conheceu a casa das maravilhosas linhas acajusadas. A gaita gritando em seu ouvido, entorpecida, agradecia agora á nuca pelo merecido encontro casual. Que história maluca, a mão dizia. Desculpe, mas logo não posso ficar, tenho muito a conhecer ainda. Um mundo inteiro para descobrir. Preciso deixar este nosso drinque para mais tarde, disse a mão e acenou um adeus. Descendo avistou uma pequenina montanha que forrava sua face, acariciou-o. E em um local apenas encontrou milhares de outras formas, como seus olhos negros que jaziam docemente e aguçados a música da gaita.
Agora tudo dançando, e eles se juntavam na música, os olhos sorriam e brilhavam cintilantes. Como uma orquestra, eles se comprometiam a entrar em harmonia. Enquanto os olhos faziam o dó, as mãos prevaleciam no lá.
Deslizando pela face e salientando todos os traços. Até se encontrar com os finos lábios que se entreabriam e fechavam cantando e soprando para o ar sua energia e sugando mais energia para continuar dançando. Um único instrumento a boca, e capaz de fazer todas as notas.Aqueles lábios finos e umedecido com a cantoria.
Dançando…Dançando…Disse tchau a cabeça e ela se encontrou os ombros que se mexiam como um rebolar de cintura. Adeus as mãos disseram e foram para a cintura.
Que giravam e dançavam rebolando e paradas as vezes. Um junção de contornos. E então as pernas ouviram ao longe um som contagiante que vinha de cima. Inconcientemente motivou seus companheiros a baterem sobre o chão. As junções se locomoviam de lugar sem mesmo mudar de local. Tudo andava, corria, tudo voava! As pernas pergutaram as mãos o que ocorria. E elas lhe disseram: Se desleixe meninos!
Aqui não há regras nem perfeições, há um turbilhão de energia! Aqui não há normas, nem pensamentos. Aqui não há cérebro, ele está dormindo. Quem comanda agora, somos nós!
As pernas não esperou nem segundos para se contrabalancear para os lados e se dislocar, pulando e agaixando, mosntrando a cintura que não parava de dançar. As mãos deslizando por todas as formas e cores. A cabeça subindo e caindo com os cabelos longos acajusados. A gaita berrava para todos da baile. Que perfeição. Ninguém ali era perfeito, mais com a união tudo se tornava perfeito. Eles ultrapassando leis e periódicos.
Arcados, lateral, direita…Agora esquerda…Balançando…Balançando…As mãos pendendo a cabeças, segurando os pés miúdos, segurando a cintura, abrindo caminhos para as costas, rodopiando com as pernas, firmando com os pés. E todos mal se queixavam de dor. Ali não havia dor, ali havia apenas uma pura e doce dança. Dança magnética, que puxava e arrastava tudo ao redor. Era como se o quarto inteiro rodopiasse e dançasse junto com todos. Estavam todos com convidados e sem convites.
Eles não se continham, se remexiam! Ah…Que pura beleza a arte de dançar, pouco importando o comprometimento com sua significação. E todos foram se conhecendo assim, em uma sala de bar. Dançando…Dançando…
_E é assim que eu vivo, sem comprometimento algum.
_ Capaz! Duvido que não se apaixone sequer por um homem lindíssimo, destes que vemos em televisão.
_ Isto é paixão. São paixões sua tola! Nada passa de simples paixões, assim como hoje muda para o amanhã e assim vai. Nada continua o mesmo. Um dia…Há de ter um fim.
_ E como vive nessa inconstância? Não tens medo de ficar só? Abaixe um pouco o som por favor.
_ Sim claro. Espere só esta música ter fim. Seria horrível desligar o som, sem ouvi-la até o final é quase que um crime! Mas o que havia me perguntado? Ah, claro, a inconstância…Não temo não. Porque deveríamos teme-la? A morte é uma inconstante infinita. E aliás…A vida é uma inconstate finita. Os cálculos matemáticos por exemplo, não passam de suposições, é tão grande estas ilusões que para resolvermos muitos cálculos, devemos acreditar fielmente que aqui, não tem gravidade alguma.
_ Assim você me deixa perder as esperanças com Samuel.
_ Samuel. Este é seu nome hoje, amanhã você irá enxe-lo de apelidos.
_ Não! Odeio este tipinho de gente. Que vive apelidando com: meu chuchusinho, mel, coquinho, doce de goiabinha…Esquece! Será sempre…Samuel.
_ Samuel.
_ Samu- EL!
_ Certo.
_ Desligue o som por favor!
_ Como você se queixa com tudo! Se queixa disso hoje, e queixará dele amanhã.
_ Você é realmente uma anti-homens né?
_ Para que te-los?
_ Ama-los?
_ Para isto tenho meu cachorro.
Disse a boca agora nunca mais enclausurada. As mãos aumentaram o som, e voltaram a bailar com o resto do pessoal do bar.
Rosa Maria